Sinaléctica


Atente-se à arte, engenho e exercício de lógica necessários para criar o sinal de trânsito da fotografia. "É proibido!" - toda a gente percebe, mas o quê? - "O estacionamento!" - Ora pois claro, tá na cara. Mas todo e qualquer veículo?! Claro que não! - "Apenas aqueles com peso igual ou superior a 3.5.T" - Mas qual a razão do ponto a seguir ao 5?! - "Não questionem o apontamento artístico. A arte não se discute e esse é certamente um apontamento artístico que procura o equílibrio pertinente quando se fala de peso." - A obra é inspiradora. Imagine-se a simplificação da sinaléctica de trânsito numa lógica de fusão! Traria vantagens significativas não só em termos de sinistralidade como em termos económicos e culturais. As gentes da pequena aldeia das beiras onde foi obtida esta fotografia já são, por certo, intelectualmente mais exercitadas, pelas horas, talvez dias, a fio que passaram a tentar perceber o sinal.
Imaginem um conjunto de sinais base, perigo, proibição, obrigação e informação. Poupa-se já um tipo de sinal, os de cedência de passagem que podem ser conseguidos com uma combinação de um sinal de proibição e um sinal de perigo, em tom de "É proibido não parar devido ao perigo de lhe passar uma locomotiva por cima.". Pela combinação lógica dos 4 sinais base com apontamentos de texto e imagens (que já se usam actualmente) permite uma variedade de sinais e informações quase ilimitada.

Na realidade isto merecia um estudo profundo, a simplificação da sinalética num país minado de analfabetos e limitados certamente traria vantagens múltiplas. Por outro lado, como já referi, acredito que o exercício de lógica a que somos obrigados para a compreensão da sinaléctica fará dos portugueses o povo mais racional do mundo... quiçá da Europa, como dizia o outro (e o que nós gostamos de ser os mais da europa e do mundo, neste caso pelo menos era realmente positivo). Imaginem o sinal para a proibição de depósito de detritos e dejectos numa ravina por perigo de contaminação e desmoronamento da mesma...

Direito à resposta...

Não deveria existir sempre? Mas... e quando se "fala" sem falar? e quando pensamos que é para nós mas não temos a certeza? e quando, simplesmente porque queremos respeitar, sabemos que não devemos responder?

Nem sempre há lugar à resposta... ou será que o silêncio é, por si só, a resposta? Mesmo abrindo lugar a todas as interpretações, por vezes, o que se pensa ou se sente em relação a algo interessa apenas ao próprio. E nesta conchinha me fecho...