Miral (Nota)

O meu post Âncoras e o filme Miral têm algo em comum... o curioso da situação é ter escrito o post dias antes de ter visto o filme. Ele há coincidências...

Miral

Mais uma sugestão cinematográfica. Quase em tom de documentário conta-nos a histórial de uma menina palestina de seu nome Miral que cresce numa escola/orfanato, protegida pelo seu pai, entre os tumultos e massacres do conflito entre Israel e Palestina.

Miral é o nome de uma flor vermelha que nasce à beira da estrada, a mais simples das informações com que este filme nos alimenta o saber. Vale a pena ver e rever.

Preciso de Falar

E então o que faço?! Escrevo.
Cá venho ao meu cantinho, que qual montanha russa, me leva do riso às lágrimas à velocidade do clique de rato. Pois é... neste blog como na vida a distância que separa a alegria da tristeza é de apenas um clique um "scroll down".

Hoje precisava mesmo de falar. De quê?!... não sei ou não quero saber. As conversas de que preciso são daquelas que não se programam, que não se dirigem. São daquelas que acontecem e que nos levam no embalo das palavras para onde tivermos que ir.
Por esse mesmo motivo talvez este seja mais um post em que me perco nas ideias. Mais um post que pode só servir para mim mesmo. Mas afinal foi para isso mesmo que criei este cantinho, foi para mim. Desculpem lá o egoísmo, não que hoje me sinta mais egoista, apenas que preciso deste meu mimo.

Diz quem sabe, que as pessoas mais fechadas, soltam pistas sobre o que pensam e sentem e que é preciso estar atento para perceber isso. Por aqui eu solto muito do que sinto e penso e nem é preciso estar muito atento. Também me serve para procurar respostas dentro de mim. Por vezes dou comigo a ler o que escrevi e a perguntar-me se terei sido mesmo eu.
Mas então porquê publicar tudo num cantinho, que embora meu, está aberto ao mundo? Porque não escrever num sítio privado onde apenas eu possa ler?
Bom... porque todos nós precisamos de quem nos oiça, nesta caso de quem nos leia. Nem sempre tenho respostas ao que escrevo, eventualmente há quem leia e que eu nem conheça nem alguma vez se tenha manifestado. Mas despejar aqui, neste meu cantinho, muito do que sou e penso faz-me acreditar que algures, alguém pode concordar comigo, pode sentir o mesmo, pode perceber o porquê do que escrevo.

Pode ser uma total ilusão mas possivelmente será uma ilusão que nunca se irá desfazer. Consciente dessa ilusão não deixo de me sentir melhor por assim poder ser.
Procuramos conhecer e dar-nos a conhecer, é disso que se trata a vida, certo?
Podemos usar as mais diversas estratégias, defensivas, ofensivas, 4-4-2, 4-3-3... como no futebol. Podemos esconder-nos em misteriosas cortinas de fumo, mais ou menos denso, podemos ser transparentes como a mais pura água de montanha mas no fundo o objectivo será sempre encontrar alguém que nos descubra e que nós possamos descobrir.

Corremos sempre o risco de nos desiludir. É normal. Num processo de descoberta podemos sempre tomar o rumo errado. Mas acredito que as pessoas não mudam assim tanto, apenas se revelam. E há boas e más, por todo o lado. E há boas que se revelam más e más que se revelam boas. Enfim... há de tudo.

Precisava sinceridade. Precisava frontalidade. Precisa estar por estar sem mais. Ser por ser sem mais. Precisava de transparência... minha e dos outros. Afinal precisamos, a cada momento, de saber com o que podemos contar.

Sonhar por sonhar não vale a pena. Gosto de sonhar com um pé assente em terra firme... ou pelo menos a pensar que o faço. O problema é quando a terra firme desaba. Quando somos levados pela enchurrada repentina da desilusão. Quando o que se nos revela em nada bate certo com o que nos iludiu.

Hoje precisava mesmo de falar. De quê?!... não sei ou não quero saber.

Porta dos Fundos

"Descobri" hoje uma equipa brasileira que mantem um programa no YouTube (Porta dos Fundos) que é uma verdadeira pérola do humor.

Como qualquer tipo de humor a sua qualidade depende dos gostos do espectador mas, para os meus pârametros, é do melhor que tenho visto recentemente e para me fazer rir nos dias que correm é preciso ser mesmo bom.

Deixo uma amostra aqui mas aconselho uma visita ao canal Porta dos Fundos.


Arrepio




Não consigo deixar de ficar arrepiado por muitas vezes que veja este vídeo... esta mulher é um fantástica e, a ser sincera (que acredito que sim), não há muita gente a viver assim o que faz.

Sigo-a desde dos tempos do Bastidores, bar do Herman José na parte de trás do Café-Café. Lá fazia a animação da noite com música pop/rock. Uma noite um cliente marcou jantar propositadamente porque soube que a Mariza cantava lá, esperando ter uma boa noite de fados foi surpreendido por um espetáculo completamente diferente. Fez questão de falar com um funcionário, mostrando a sua desilusão, obviamente não tinha sido correctamente informado.

Mariza, sem as condições ideiais, nem de espaço, nem de instrumentos, nem de audiência decidiu cantar 3 fados para que a noite do senhor não fosse comletamente perdida, um deles à capela. Fez-se silêncio às primeiras palavras cantadas... foi fantástico... foi Mariza.

Tive a sorte de estar presente e desde então esta senhora do fado é, para mim, a maior referência da canção nacional.

Filmes de levar às lágrimas

Vá-se lá saber porquê lembrei-me de alguns filmes de levar às lágrimas... há uns quantos, alguns já terei mencionado neste meu cantinho mas hoje decidi deixar uma listinha bem apropriada para esta altura do ano.

Lá fora chove e a temperatura começa a baixar, ora que melhor programa do que enroscar no sofá, deixar os lenços de papel à mão e carregar no play do dvd?!

Vamos lá então... Começando de forma ligeira:

Um clássico delicioso de 1991, quase infantil mas capaz de fazer soltar a lágrima ao mais gelado coração (ou daí talvez não) - My Girl (O meu primeiro beijo) - Com um desenrolar em tom de comédia faz-nos rapidamente passar às lágrimas... nunca consegui deixar de ficar comovido mesmo já sabendo a história. As crianças têm este dom de tornar tudo mais intenso...

Saltando para algo bem mais duro, de 2000, um soco no estômago, um mar de lágrimas caso se resista à primeira metade do filme (eu resisti mas tenho a vantagem de adorar a Bjork) - Dancer in the dark de Lars Von Trier. Duríssimo.

Descrevendo uma pequena aldeia costeira da Nova Zelândia e sua comunidade, uma história comovente da difícil mudança dos hábitos e tradições enraizados é contada num filme de 2002 - Whale Rider (A domadora de baleias) - Com pouco ritmo, pode não ser simples de ver, mas eu acho lindíssimo.

Seguindo para uma realizadora que muito aprecio (Isabel Coixet), a materialização de um tema que esteve, e está, muito presente em mim. Em 2003 transformou em filme muito do que penso sobre uma situação que é bem real - My life without me (A minha vida sem mim) - Uma história sobre o quão cruel pode a vida ser e a forma de dar a volta ao texto...

De Lars Von Trier outro soco no estômago, um retrato da sociedade actual (ou daquilo que sempre fomos) ou do ténue limite entre a realidade em que vivemos e o terror e absurdo em que podemos cair - Dogville de 2003.

Em 2004 surge outro filme marcante, outro tema que muito me diz. Uma história verídica, dura, sobre a qual muito se escreveu, muito se disse e debateu. No país vizinho fez nascer a discussão em torno da eutanásia. - Mar adentro - Conta a história de Ramon Sampedro, tendo como protagonista um genial Javier Bardem.

Novamente Isabel Coixet, em 2005 oferece-nos um hino ao silêncio, ao isolamento, ao que se transmite sem muito falar, à falta que nos faz que cuidem de nós - The Secret Life of Words (A vida secreta das palavras).

De um fantástico Sean Penn surge, em 2007, mais um filme inspirado numa história verídica. - Into the wild (O lado selvagem) - Apoiado numa banda sonora igualmente genial, de Eddie Vedder, é um dos melhores filmes de sempre.

De 2009 um outro filme baseado numa história verídica. Todos os filmes que envolvem sofrimento de crianças são duros... este é duma violência incrível. - My Sister's Keeper (Para a minha irmã).

Também de 2009 uma delícia de filme. Uma metáfora genial sobre os conflitos internos da mente de uma criança que nos faz pensar... e pensar... e pensar... - Where the Wild Things Are (O sítio das coisas selvagens).

E em representação do cinema português, um filme de 1996, para ser visto sem preconceito (é cinema português e depois?!) - Adeus, Pai - Pouco mais é que a história de muitas das crianças que conhecemos. Vale pena por aquilo que nos faz ver, ou por aquilo que quisermos ver.

Bom Outono, Bons filmes.
(Comprem português, usem lenços Renova e não Kleenex)

Comer, Orar e Amar

Terminei o livro, agorinha, de tão fresco está este terminar que ainda sinto o aroma das últimas frases.

Não é usual ler livros de autoria feminina, fazendo um exercício de memória é o primeiro que leio, mas tratando-se de uma dádiva e recomendação de alguém especial não quis deixar de experiênciar um escorrer das palavras femininas.

Tudo o que se escreve tem um pouco de autobiográfico, dizem, nem sempre será assim, mas neste caso é totalmente assim. O livro não é mais que um diário, bom... uma colecção de momentos vividos pela autora pelo período de um ano de busca espiritual.
Itália, Índia e Bali (Inónésia) são os 3 i's que dominam este relato, dividido em 108 capítulos, 36 para cada país, com uma estrutura inspirada em questões espirituais e religiosas mas que, de forma tipicamente feminina, não é seguida de forma tão clara assim.
É aliás por aí que se torna mais interessante este livro onde se podem encontrar tantas e tão claras evidências das diferenças que nos separam, homens e mulheres, e que certamente também nos unem.

Numa abordagem tosca e, diriam muitas das mulheres, masculina, resumiria o livro na seguinte frase - Uma mulher em busca constante de um homem que lhe preste vassalagem ou pelo menos que lhe ofereça bom sexo!. - No entanto, e como prezo bastante o meu lado emocional e, quiçá feminino, julgo que o livro consegue ir um pouco mais além.

Traz-nos o espírito que todos gostariamos de ter sempre presente, o espírito que nos faz lutar e derrubar as nossas barreiras em busca do que nos fará manter a paz e tranquilidade. Traz-nos a descrição condensada de um percurso sinuoso que não se distingue da vida de qualquer um de nós.
Como qualquer mulher, existem passagens, capítulos até que roçam o limiar do compreensível, levando-nos pela mão do pensamento a labirintos insolúveis onde nos perdemos sem conseguir perceber até onde nos queriam levar inicialmente.
Um homem seria bem mais pragmático, talvez se perdesse mais em pormenores e histórias paralelas que me parecem pouco ou nada exploradas neste texto. Mas uma mulher esconde-se, procura deixar implícito fugindo de explicitar. Espera que o outro entenda, até ao mais infímo pormenor o que espera, sente ou deseja.

No fundo a coisa falha, nem sempre por incompreensão do outro mas simplesmente porque há coisas que devem ser ditas e não insinuadas. No final de contas temos todos o mesmo objectivo, ser a espaços felizes. No final de contas o que diverge é a noção de felicidade.

O que entendi do livro foi precisamente a necessidade da protagonista de encontrar o local no espaço e no tempo onde fosse realmente capaz de ser feliz, de se encontrar a si própria. Pelo meio tornou óbvia a diferença entre feminino e masculino.

Numa camada superficial, nas aparências, os homens tomam a figura da insensibilidade, dos instintos básicos, do desejo carnal distanciando-se da doçura e procura muito mais romântica e sensorial das mulheres. As mulheres transparecem delicadeza, sofrimento, sentimentos e fragilidade duma forma tão real como a vista de uma janela de vidro fosco. Na verdade é um mundo de máscaras, qual carnaval de Veneza em que cada um procura afastar-se o mais possível do outro simplesmente para alimentar a eterna guerra de sexos, a eterna incompreensão entre feminino e masculino.
Mas, pode-se julgar que a falsidade se encontra apenas na capa com que nos cobrimos, à primeira vista poderiamos mesmo pensar que apenas isso é distinto, que na essência homem e mulher sentem, vivem e procuram o mesmo. Nada me parece mais errado. Na essência a mulher é mais básica que o homem. Não básica num sentido depreciativo, apenas no sentido de ser mais simples nos seus desejos.

Neste livro entende-se, que a procura realizada pela autora, embora revistida de espiritualidade e conquistas bem pouco materiais, culmina em pequenos (ou grandes) momentos de prazer material. O caminho espiritual serve, segundo me parece, para garantir que os prazeres materiais, aqueles que realmente são o alvo do feminino, sejam disfrutados, saboreados e consumidos da forma mais prazerosa possível. Encontram-se durante o livro, homens capazes de ser felizes sem auxílio desses prazeres materiais. O masculino é, na realidade, um ser capaz de se adaptar mais facilmente que o feminino, capaz de existir com outros propósitos que não aqueles que os seus instintos básicos indiciam.

Considero inviável e extremamente aborrecida a possibilidade existir um mundo sem mulheres ou o contrário, sem homens. A conclusão a que chego é apenas que vivemos numa farsa, suportada por tradições, religiões, éticas, critérios de sociabilização, o que seja, que nos impedem de mostrar o que realmente somos e de ver o que realmente os outros são. Não é lógico este comportamento, não facilita as relações entre os seres e não nos traz felicidade. A discussão não deve ser acerca das diferenças, muito menos das diferenças que aparentamos mas devem centrar-se nas semelhanças que realmente nos unem.


Âncoras

Neste preciso momento, nesta mesma hora apetecia-me caminhar em direcção ao mar, numa qualquer praia de areia fina e rasgar as ondas, passo a passo, deixar-me envolver pela espuma, pelo escuro profundo e seguir até os pés não tocarem no fundo movediço e ter de seguir à força de braços até perder a força num qualquer ínfimo ponto do oceano e deixar-me ir para onde a maré me quisesse levar. Mas tenho uma âncora, amarrada ao coração, que todos os dias me abraça e sorri e me impede de ir seja onde for. Cada vez mais tenho a certeza que se há algo de verdadeiro e fiável que eu tenha é esse abraço e esse sorriso onde me agarro todos os dias para seguir.

Tudo na vida fosse tão sincero e intenso...

A noite

Hoje não está calor, está como eu gosto, suportável mas a abrir o apetite para enrolar num regaço e ficar a ouvir o rodar dos carros no alcatrão, a revolta do vento que, a espaços, dá vida uma lata de uma bebida que se arrasta no chão quebrando estridentemente o falso silêncio da noite.
Não havendo regaço, sem ser o meu próprio, e não tendo eu aptidão para me enroscar como um cão ou gato parto para outras observações que também aprecio.
Poucas luzes resistem, em janelas de pressianas meio fechadas que protegem a privacidade dos olhares alheios. Milhões de vidas seguem, adormecidas ou acordadas, neste mesmo instante sem saberem o que lhes espera.
Será que alguém nos olha, lá do alto ou lá do fundo, que alguém nos controla ou decide como será o nosso amanhã ou mesmo o nosso próximo instante? E se não existe esse alguém, será que é tudo obra do acaso? Ou teremos nós o nosso caminho traçado e de nós só se espera que caminhemos sem saber para onde?

Imagino a morte. O fim de tudo. Estar aqui agora e de um momento para o outro...

...acabaria assim? Não acredito que fosse ter o cuidado de acabar com umas reticências, seria no mínimo demasiado perfeccionista. Talvez fosse algo mais parecido com "mf+p
#´+p7yu6"

Acabei de fazer o teste e deixei-me cair de cabeça sobre o teclado. Possivelmente este post nunca veria a "luz da blogosfera" ou então seria partilhado por familiares e amigos pelas redes sociais com uma história lamechas sobre a fragilidade do ser e a necessidade de aproveitar cada segundo das nossas vidas. Mas ninguém tem a certeza que assim seja... imaginem que a vida, tal como a conhecemos, é apenas uma perca de tempo. Imaginem que o bom vem de seguida e que apenas estamos na fila dos bilhetes do maior parque de diversões alguma vez visto.
A questão passaria a ser "Como raio arranjo eu maneira de ter um bilhete o mais depressa possível?!"

A verdade é que nunca ninguém voltou a reclamar que tinha sido mal recebido. Das três uma, ou várias, é indeferente porque o que interessa é exercitar o cérebro com uma treta qualquer. Assim, das três qualquer coisa, ou não existe nada depois e o fim é mesmo o fim. Game Over... siga... próximo, ou existe qualquer coisa de onde não podemos regressar e por muito má que seja nada podemos fazer, ou existe o tal paraíso e é de tal forma bom que ninguém quer voltar.

Seja como for, somos frágeis, somos ignorantes, somos demasiado pequenos e preocupamo-nos com coisas demasiado pequenas. Somos terríveis uns para os outros, pensamos demais em nós próprios e para quê?! Nem sequer sabemos se agora não será o nosso último instante...

Seja agora ou depois, o meu último momento, estou quase certo que por mais que tente não vou conseguir publicar neste blog como foi a passagem e vocês vão ficar na mesma... sem saber! Por outro lado, se por milagre conseguisse publicar a experiência imagino com certo gozo a vossa cara de pavor mesmo antes de dizer "Filho da mãe... como é que o gajo fez isto?!"


O pior e o melhor

O melhor abraço é o de mãe,
A melhor lição é a do pai,
O melhor beijo é o de quem se ama,
A melhor cumplicidade é a do amigo,
O melhor sorriso é o do(a) filho(a),
O melhor mimo é o do avô(ó),
A pior dor é a da perda de quem se ama,
O pior sentimento é a raiva que nos arrasa,
A pior experiência é a que nos afasta,
O pior desgosto é descobrir a mentira,
A pior traição é a do amigo.