Publicitários

Já tentaram explicar a um publicitário que a forma como se comunica deve estar devidamente justificada com estudos e dados não subjectivos?
Deviam vender publicitários embalados em caixas de quebra-cabeças no "papagaio sem penas"... ou então deviam simplesmente puxar o autoclismo e deixá-los ir na corrente.

Questão de narizes

Já vários dias se passaram desde o último texto publicado e não se pense que tal acontece por eu ter estado de férias ou mesmo por falta de tema ou ainda por ter tido problemas de acesso à ampla teia mundial (no original - world wide web) ou mesmo devido às minhas dores do nervo ciático (de que não vos dei conhecimento por achar que o quadro clinico-doloroso não foi o suficientemente agudo para que a descrição pormenorizada do mesmo resultasse num texto interessante).

O que se passa, e como os atentos leitores já devem ter subentendido, é que estou, novamente, com uma grave falta de inspiração... bem... não será falta de inspiração, essa existe assim como as ideias base para vários textos a abordar os mais diversos temas o que falta (e na realidade talvez tenha faltado sempre) é a capacidade de desenvolver as ideias e inspirações em textos passíveis de serem consumidos pela minha falange de fiéis leitores.

Pensando bem, e a contar pelas estatísticas de mensagens (54, com esta), seguidores assumidos (entenda-se registados como folower no blog, 1... eu) e comentários deste blog (1), o que me parece é que eu tenho é uma propensão para pensar que por vezes consigo ter "capacidade de desenvolver as ideias e inspirações em textos passíveis de serem consumidos pela minha falange de fiéis leitores"! No fundo, a inspiração pode estar lá, os temas e motivos de escrita também, mas o que falta é a genialidade literária capaz de tornar uma ténue inspiração ou um desinteressante tema num pedaço de obra literária digna desse nome.

Que digo eu?! Ou melhor, que escrevo eu?! Obra literária?! Qual quê... Prova que não sou capaz de tal coisa é a seguinte história (baseada em factos verídicos):

Numa das viagens de comboio que faço diariamente deparei-me com uma personagem deveras curiosa. Prendeu-me a atenção quando, ao escolher o lugar fixou o olhar na senhora dos seus 65 anos que, sentada no lugar ao seu lado, estava concentrada na leitura de um livro. Mas quando escrevo 'fixou' é mesmo fixar, de quem não disfarça, com ar de quem vai dizer alguma coisa, meter conversa. Esperei um "Gostei muito desse livro!" ou mesmo um "Está a gostar?! Sou eu o autor." mas não. Nada. Depois de se acomodar no lugar olhou mais umas quantas vezes para o lado até optar por folhear o jornal que trazia nas mãos. Iniciou aí um desfilar de tiques e gestos nervosos, era assombrosa a forma "parkinsiana" como agitava a cabeça enquanto tentava focar as letras de um jornal, tarefa nitidamente (atente-se à capacidade irónica do autor revelada na utilização do advérbio de modo 'nitidamente'!) dificultada, não só pelo "parkinsonismo", como pela utilização de uns óculos de graduação desajustada à deficiência visual existente, franzindo a testa, semi-cerrando os olhos. Acredito que não tenha passado do nome do jornal. No entanto parecia completamente descontraído, especialmente pela forma dedicada e metódica com que abordou a necessidade de executar as tarefas de higiéne nasal (sem tirar os olhos do jornal), utilizando, numa primeira abordagem, o dedo indicador da mão direita para penetrar na cavidade nasal do mesmo lado, fazendo, como que por magia, desaparecer meio dedo (tendo em conta as deformações do nariz terá mesmo chegado a tocar a base do cérebro), retirado o indicador da narina, observou por breves instantes o resultado da exploração espeleológica e considerou necessária nova abordagem, desta feita com o dedo mindinho direito, aparentemente com melhores resultados, pois a observação posterior à exploração foi mais prolongada e houve mesmo necessidade de proceder a uma fricção de dedos para sacudir as amostras mucais recolhidas.

À passagem do revisor, aproveitou a necessidade de retirar o passe da mala para voltar a fitar a 'vizinha'... aí já não esperei mais do que um "Já viu as porcarias que uma pessoa acumula nas narinas?! A culpa é da cidade estar sempre em obras! É pó que nunca mais acaba!"

Estive indeciso entre escrever sobre isto ou sobre a professora de história, de Espinho, cuja mãe lhe rebentou o hímen em tenra idade o que, ao que parece, lhe terá provocado profundos danos ao nível da massa encefálica... optei pela realidade dura e crua com que me brindam, diariamente, nos comboios da CP e abordarei o tema das aulas de história em Espinho para próximo texto.

Estações da vidinha


Sobe. Arrasta os pés pela passadeira rolante da vida que se move sem parar. Espera o comboio que o levará ao destino. Senta-se e deixa fluir ideias soltas que escorrem pelo vazio de soluções e vão ficando para trás, como que presas aos carris que amanhã voltam a ser percorridos mas que nunca chegarão a lado algum.

Sai. Arrasta os pés pelo cais, inspira, respira a maresia poluída que sabe a liberdade mas envenena. As ideias voltam a escorrer e seguem a maré que daqui a pouco será vazia. Amanhã volto. Segue. Arrasta os pés...