Cenas...

E se um dia acordamos com uma enorme vontade de não acordar?
Isso acontece-me todos os dias, alguns dirão... mas não, não é bem isso. Explico... acordar com vontade de não acordar mais. Com vontade de adormecer no sono eterno. Ou, de uma forma menos metafórica, com vontade de morrer.

Certamente todos, pelo menos uma vez na vida teremos tido esses pensamentos, não suícidas, não são bem assim, são mais pensamentos de apressar o tempo ou mesmo de adivinhar o futuro.
Mas quando acontece, que fazer?

Respostas óbvias serão:

- "Ok... levantas-te ligas a um amigo, combinas um café e esqueces essas ideias malucas" ou ainda,
- "Que raio de ideias! Toma juízo e vem dar-me um abraço!" ou ainda,
- "Tu tens ideia da falta que ias fazer?!"
- "Vais até à falésia mais próxima e saltas." ou ainda,
- "Vai-te matar!" ou mesmo ainda,
- "Vai morrer longe e não me chateies!"

Mas não é de respostas óbvias que ando à procura. Para ser sincero nem eu sei bem o que ando à procura mas a ideia surgiu (não de agora, será mais recorrente) e é pouco relevante se é pertinente ou não, interessa isso sim obter uma resposta.
Se à questão juntar a expressão tão popular "As pessoas só dão valor ao que têm quando o perdem" (assim ou qualquer coisa parecida) torna-se mais claro o importante que pode ser obter respostas não óbvias.
A minha curiosidade, e talvez a curiosidade da maior parte das pessoas, não fica indiferente à dimensão deste cenário. Desde logo não é indiferente ao comportamento e pensamento do resto das pessoas, daí que, obter uma resposta deste tipo me abriria novos horizontes. Pelo menos a percepção da realidade seria bem mais clara.

E se fosse possível morrer para voltar a viver?
E se fosse possível saber o que cada uma das pessoas que nos rodeiam sentiriam e passariam se, de um momento para o outro o nosso espaço ficasse vazio?
É assim uma daquelas respostas para 1 Milhão de Euros. Era entrar no jogo sabendo todas as tácticas escondidas. Era poder dizer à pessoa X "Eu também não preciso de ti!" e à pessoa Y "Vou estar sempre aqui!" com toda a certeza de não cair na desilusão que ambas as afirmações carregam quando mal aplicadas.

Mas no fundo, a verdade, verdadinha, é que esta dúvida não existiria, este cenário não aguçaria a curiosidade de ninguém, se todos e cada um de nós fosse totalmente transparente no que toca às relações sociais que mantemos.
Mas como nem todos são assim, como nem tudo é transparente, a dúvida mantem-se e outros dias virão em que se acordará com o mesmo pensamento que nos aguça a curiosidade mais mórbida.

A man got to do what a he got to do

in Grapes of Wrath, John Steinbeck.

Talvez desenvolva o tema num próximo post mas de momento é a frase do dia, e espero seja a frase que marque o futuro.