O brilho dos teus olhos

- Era no apertar do teu abraço que eu descansava. Era no carinho dos teus beijos que eu respirava. Era no brilho dos teus olhos que eu me encontrava.
Perdi-me de ti e a confusão aumentou, deixei de descansar, deixei de respirar e perdi-me de mim também. Quando te reencontrei pensei que podia descansar de novo, respirar de novo e me iria reencontrar a mim mesmo.
Mas o apertar do teu abraço já não era o mesmo, o carinho dos teus beijos já não tinha a mesma intensidade e o brilho dos teus olhos... esse brilho que dizia tudo... já não era igual.

Alimentava algumas certezas do seu confuso pensamento, escutava a sua intuição, procurava ouvir a razão.

- Afinal não eras tu que dizias que nunca se deve voltar onde já foste feliz? Então não sejas palerma e percebe que não tens mais do que a confirmação do que sempre pregaste.
Será que é possível conquistar a mesma pessoa duas vezes? Ou mais ainda?
Afinal não é esse o segredo das relações bem sucedidas? Todos os dias re-conquistar e ser conquistado?

Mantinha a mente ocupada com o seu exercício e sentia-se cada vez mais na sombra, incapaz de reagir, incapaz de resumir o seu pensamento à conclusão que lhe parecia mais sólida.

- E afinal de que tens tu receio? De perder o que já tinhas perdido?
Ai o brilho dos teus olhos... o que eu daria por voltar a vê-los brilhar assim por mim...