Um ano de vazios

Não sei se deva dar-te os parabéns... pode ser que os próximos 365 dias tenham um saldo mais positivo.

Parabéns Balula!

Nota: Vejo-me forçado a interromper o evoluir da história que tem dominado as publicações deste meu cantinho, por motivos bem mais reais... ou talvez não...

Governação ou espoliação?

Efectivamente este país deixou de ser um país.

É o feudo de alguns, suportado por leis e orçamentos de estado ardilosamente desenhados para garantir a segurança de muito poucos e retirar qualquer esperança de sobrevivência a muitos outros.

Consta que Portugal foi dos primeiros países a abolir a escravatura (facto discútivel até porque a escravatura no Brasil só foi abolida depois da independência desse país), assumindo que seja quase verdade, Portugal arrisca-se agora a ser o primeiro país a restabelecer condições para que a escravatura prolifere.

As linhas principais das "novas" leis relacionadas directa ou indirectamente com o trabalho condicionam a liberdade e direitos das pessoas não só no que toca à sua carreira profissional e respectivo rendimento como à sua dignidade e direitos sociais. Procura-se o trabalho barato ou mesmo gratuito, condicionando o direito à revolta individual e/ou colectiva à necessidade de sobrevivência da pessoa e seus dependentes.Os desempregados são tratados como criminosos, com obrigações em tudo idênticas a medidas de coacção que não as mínimas. O direito ao trabalho e a uma remuneração condigna deixou, faz tempo, de existir.

O ataque aos rendimentos, em sede de IRS e Segurança Social, assim como a enorme carga fiscal directa e indirecta a que os portugueses estão e serão sujeitos reduz, grandemente, a possibilidade de garantir o património pessoal e, muito possivelmente, o nosso pão. A simples posse de um automóvel ou de uma habitação comporta um custo impensável para muitos de nós.

As alterações no IMI e respectivas avaliações visam atacar aqueles que, legitimamente, adquiriram habitações e outros prédios pensando em termos de futuro, investimento e/ou simplesmente melhoria das condições de vida, e os registaram, não tendo outra hipótese, em nome próprio, sujeitando-se aos encargos daí decorrentes. Os que realmente muito têm conseguem, legalmente ou não mas certamente imoralmente, libertar o seu património dos citados encargos, registando as propriedades em nome de empresas sediadas em offshores.

A necessidade de venda de propriedades por parte dos que menos podem (e não precisam de ser pobres, porque esses há muito que nada têm), irá centralizar a posse do património imobiliário nas mãos de quem pode, e esses são cada vez menos.

O mesmo caminho seguem as empresas públicas, também património de todos nós e que, enquanto na esfera pública, devem ter como objectivo a garantia dos direitos universais dos portugueses. A água, a energia (luz, gás, combustíveis), os correios, a saúde, a educação, a justiça, entre outras são pilares basilares da autonomia e independência do país. São pilares basilares dos direitos de todos nós.

O caminho de venda do país e do seu património a retalho vai, necessariamente, levar-nos a perder os direitos fundamentais que, ilusoriamente, davamos por adquiridos.

O aumento de impostos não é justificável sabendo que não servirá para suportar mais e melhores serviços públicos. Não é justificável sabendo que há mais doentes a morrer por falta de assistência no SNS, que há mais alunos excluídos do sistema de ensino nos diferentes graus, que perdemos a protecção e o direito a bens essênciais.

Deveriamos pagar impostos para o bem comum, não para pagar dívidas que outros contraíram ou gastos absurdos em PPP's e negócios inacreditáveis e ruínosos para o país.

Restam-nos poucas hipóteses, sair do país e esquecer que algo nos liga a este canto da Europa ou erguer-nos contra a violência a que estamos a ser sujeitos. Defender-nos do saque brutal a que estamos a ser sujeitos.Alternativa existe, depende de nós. Leis alternativas existem, não existe é vontade para as aprovar e executar nem sequer para as ouvir.

Não sou detentor da verdade universal, haverá muitos problemas complexos a resolver dos quais eu não tenho sequer capacidade para compreender mas existem condições básicas para fundar um sistema justo e garante dos direitos de todos os portugueses.Quem nos governa e quem nos gorvernou, não permite que a justiça funcione, não permite que o estado seja sustentável, não permite que o país cresça para todos.

É hora de dizer basta. É hora de uma revolução, pacífica mas efectiva. É hora de tomar as rédeas do nosso destino e acabar de vez com lobbys e grupos de poder.

Alternativas podem ser estas e muitas outras:
Aprovação de leis anti-corrupção, de nacionalização ou não-privatização das áreas públicas relacionadas com os direitos universais de acesso a bens e serviços, responsabilização penal (realmente dura) de governantes e gestores pelo que de mal façam no âmbito público, criminalizar duramente actos como a "cunha" ou "a troca de favores" no âmbito público ou privado que minam este país, suporte ao renascimento e desenvolvimento da produção nacional nos sectores primário e secundário, incentivo público à criação de empresas mas com o devido no apoio no "desenho" do negócio assim com no controlo da posterior gestão, controlo e previsão da evolução do mercado laboral agindo em conformidade nas áreas de formação disponíveis para os jovens (deixar de formar pessoas para o desemprego, deixar de iludir os jovens e seus pais, interiorizar definitivamente que nem todos temos de ser doutores nem isso nos traz mais qualidade), denúncia dos acordos público-privados que comprovadamente sejam lesivos do erário público (acompanhado da respectiva investigação criminal e responsabilização dos envolvidos), avaliação dos quadros do estado com respectivos redimensionamento e redistribuição de acordo com a real necessidade do estado e com a real mais-valia de cada trabalhador para a máquina do estado (temos de uma vez por todas de identificar onde há gente a mais ou a menos, perceber se os excendentes podem ser deslocados para as áreas carênciadas, e identificar quem trabalha, quem realmente faz falta a um estado eficiente e produtivo, não o que se procura fazer cortando a direito naqueles que trabalham e fazem falta e deixando os parasitas intocáveis).

Uma revolução não precisa nem de armas nem de violência, precisa de serenidade, ideias claras, vontade e união. É este o desafio que vos deixo hoje.

Se fosse possível voltar atrás

Fariamos diferente?
É simples responder sim ou não sabendo o que se sabe no momento, mas sabendo apenas o que sabiamos lá atrás? Fariamos diferente?

Coisas há em que dava tudo para fazer diferente.

O arrependimento não faz parte de mim, ou não fazia. Bom... há sempre uma ou outra coisa de que nos arrependemos, mas normalmente coisas pequenas, no fundamental as grandes decisões e opções foram tomadas, conscientemente, à luz do conhecimento presente e isso torna-as legítimas e não sujeitas a arrependimento.
Novas premissas podem alterar o que se possa pensar mas não invalidam as premissas iniciais desde que estas sejam verdadeiras. Complicado?! Será qualquer coisa como a adivinha - "Qual é coisa qual é ela que é cilíndrico e sobe e desce?" - possivelmente estão a pensar correctamente mas, se eu revelar uma terceira característica - "É um produto de cosmética." - não deixam de ser verdade as duas primeiras mas a vossa resposta certamente se alterou.

Posso achar que devia ter feito mais assim ou mais assado mas são geralmente detalhes, acertos que podiam ser melhores ou piores. O percurso, esse, não deveria estar sujeito a arrependimentos. Mas está. E um dia redescobrimos a realidade, desvendam-se os mistérios e damos connosco a desejar amargamente não ter feito ou ter feito outra coisa completamente diferente.

O arrependimento surge após decisões que tomamos baseados numa "irrealidade".
O arrependimento surge porque sabemos que, à luz do que nos era mostrado, nunca iriamos decidir diferente mas, posteriormente, percebemos que o que nos era dado a conhecer era falso.
O arrependimento não é mais do que a raiva da pessoa enganada, é a dor da vítima da mentira.

Voltando à metáfora da adivinha, se a permissa inicial fosse "Qual é coisa qual é ela que é cilíndrico, sobe e desce e tem duas bolas na base?" Novamente iriam errar... mas neste caso as bolas eram só para enganar e aí iriam arrepender-se do pensamento pecaminoso, coisa que não aconteceu por certo na primeira versão da adivinha.

Em conclusão, hoje, há coisas que eu nunca teria deixado acontecer.

Dark Shadows

Ou em português Sombras da Escuridão, é mais um sugestão para uma boa sessão de cinema, enroscados no sofá, mantinha quente e siga.

Por acaso em nada se aproxima do que eu fiz em quanto vi o filme... mas gostava de ter feito. De qualquer maneira, não sendo o melhor dos filmes de Tim Burton, estando talvez uns furos abaixo do habitual para este senhor, é uma pseudo-comédia engraçada de se ver.

Contando com a prestação, mais do que habitual, absolumente inevitável e necessária, do fantástico Johnny Deep é em tudo um filme só possível vindo desta dupla realizador/actor.

Amo-te



Teresa. Uma pérola de 2000 revista pelas comemorações dos 20 anos da SIC. Não que costume ser espectador atento da SIC mas no zapping de hoje foi impossível resistir a rever esta história... apenas possível na ficção. Deliciosa a simplicidade do cinema português.


Ao segundo dia de Outubro

O Outono continua a sorrir com um sol ternurento e carinhoso. Depois de um começo cruel, que nos fez perceber que o Verão tinha mesmo acabado, a meia estação assume-se amena e pacífica como que respeitando a queda das folhas no seu leito de morte e os tons pastel que invadem os campos. Espetáculo lindo, faz-nos acreditar que o merecido descanso resultará num renascer cheio de esperança.

Foi num destes dias, já lá vão quase 4 décadas, que acordei para o mundo. Feliz ou infeliz dia, depende do ponto de vista, certamente me trouxe uma forte dose de nostalgia, ou lamechice como queiram. Embalado pelo doce som das folhas caindo, as minhas cores são as suaves como as da estação e a minha passagem pela vida é como o ciclo que agora tem o seu fim. Nascem frágeis essas folhas. Sem certezas. Lutam pela sobrevivência (mesmo quando parece inevitável a morte), renascem plenas de força e energia, para, aos poucos, secarem, adormecerem e depois, libertas dos braços de quem as quer bem, planarem sobre brisas de incerteza até ao poiso final onde são rapidamente esquecidas.

É a certeza de que o ciclo se auto-alimenta, de que não nascemos sem razão, nem partimos sem motivo que me faz acreditar que ao Outuno, onde esmorecemos e partimos, e ao Inverno, onde a memória se perde, se seguirá uma Primavera onde tudo renasce, e aí poderemos assumir novas formas e alimentar novas esperanças.

Assim sou eu, qual Outuno, uma silênciosa revolução, uma nostalgia constante, um folha em trânsito para o seu leito de morte.

O cair do pano

Hoje é o dia em que deixo de acreditar nas pessoas. Hoje é o dia que tenho a certeza que a mais dócil das ovelhinhas esconde debaixo da sua lã fofa e suave o mais cruel dos lobos.

Devemos contar connosco próprios, devemos acreditar no que somos e queremos e procurar alcançar as nossas metas sem nos apoiarmos em ninguém, sem acreditarmos em bons samaritanos, altruístas de ocasião que, em grande parte das vezes, nos usam para ultrapassar as barreiras com que se confrontam e depois nos largam quando e onde lhes apetece. Pelo percurso escondem-se na sua pele de ovelhinha, mentem, ocultam, apontam-nos o dedo e arquitectam o plano que nos fará cair.

São esses falsos samaritanos, são esses falsos altruístas que nos fazem desacreditar, que nos fazem cair, arranhar, ferir e nos deixam mais frágeis. Mas é importante perceber que é do fundo que renascem as grandes forças. É nas desilusões que encontramos motivos para procurar, não novas ilusões, mas sim "novas" realidades.

Hoje é o dia em que se revelam as caras, as vontades e os planos. Em que se percebe quem é quem, quem fez o quê, quem pensou o quê.

Não se pense que é um processo do dia para a noite. Não se pense que é coisa do momento, de um instante e que se revelou apenas hoje. É um processo longo, que nos abre os olhos. É verdade que é preciso encaixar todas as peças do puzzle para ter a noção da imagem que surge perante nós, mas também é verdade que à falta de algumas peças já temos noção do que nos espera no final. Por vezes procuramos abstrair, desfocar a imagem parcial, acreditar que no fim seremos surpreendidos mas temos de ser mais pragmáticos. Temos de acreditar no que vemos, sejam imagens parciais ou totais. A realidade é o que é e não o que gostariamos que fosse.

Hoje é o dia em que é preciso erguer a cabeça e dizer basta. Levantar os braços e, a pulso, contando apenas com a minha própria força subir, subir ao mais alto dos pontos e deixar para trás tudo o que nos fez cair.

Miral (Nota)

O meu post Âncoras e o filme Miral têm algo em comum... o curioso da situação é ter escrito o post dias antes de ter visto o filme. Ele há coincidências...

Miral

Mais uma sugestão cinematográfica. Quase em tom de documentário conta-nos a histórial de uma menina palestina de seu nome Miral que cresce numa escola/orfanato, protegida pelo seu pai, entre os tumultos e massacres do conflito entre Israel e Palestina.

Miral é o nome de uma flor vermelha que nasce à beira da estrada, a mais simples das informações com que este filme nos alimenta o saber. Vale a pena ver e rever.

Preciso de Falar

E então o que faço?! Escrevo.
Cá venho ao meu cantinho, que qual montanha russa, me leva do riso às lágrimas à velocidade do clique de rato. Pois é... neste blog como na vida a distância que separa a alegria da tristeza é de apenas um clique um "scroll down".

Hoje precisava mesmo de falar. De quê?!... não sei ou não quero saber. As conversas de que preciso são daquelas que não se programam, que não se dirigem. São daquelas que acontecem e que nos levam no embalo das palavras para onde tivermos que ir.
Por esse mesmo motivo talvez este seja mais um post em que me perco nas ideias. Mais um post que pode só servir para mim mesmo. Mas afinal foi para isso mesmo que criei este cantinho, foi para mim. Desculpem lá o egoísmo, não que hoje me sinta mais egoista, apenas que preciso deste meu mimo.

Diz quem sabe, que as pessoas mais fechadas, soltam pistas sobre o que pensam e sentem e que é preciso estar atento para perceber isso. Por aqui eu solto muito do que sinto e penso e nem é preciso estar muito atento. Também me serve para procurar respostas dentro de mim. Por vezes dou comigo a ler o que escrevi e a perguntar-me se terei sido mesmo eu.
Mas então porquê publicar tudo num cantinho, que embora meu, está aberto ao mundo? Porque não escrever num sítio privado onde apenas eu possa ler?
Bom... porque todos nós precisamos de quem nos oiça, nesta caso de quem nos leia. Nem sempre tenho respostas ao que escrevo, eventualmente há quem leia e que eu nem conheça nem alguma vez se tenha manifestado. Mas despejar aqui, neste meu cantinho, muito do que sou e penso faz-me acreditar que algures, alguém pode concordar comigo, pode sentir o mesmo, pode perceber o porquê do que escrevo.

Pode ser uma total ilusão mas possivelmente será uma ilusão que nunca se irá desfazer. Consciente dessa ilusão não deixo de me sentir melhor por assim poder ser.
Procuramos conhecer e dar-nos a conhecer, é disso que se trata a vida, certo?
Podemos usar as mais diversas estratégias, defensivas, ofensivas, 4-4-2, 4-3-3... como no futebol. Podemos esconder-nos em misteriosas cortinas de fumo, mais ou menos denso, podemos ser transparentes como a mais pura água de montanha mas no fundo o objectivo será sempre encontrar alguém que nos descubra e que nós possamos descobrir.

Corremos sempre o risco de nos desiludir. É normal. Num processo de descoberta podemos sempre tomar o rumo errado. Mas acredito que as pessoas não mudam assim tanto, apenas se revelam. E há boas e más, por todo o lado. E há boas que se revelam más e más que se revelam boas. Enfim... há de tudo.

Precisava sinceridade. Precisava frontalidade. Precisa estar por estar sem mais. Ser por ser sem mais. Precisava de transparência... minha e dos outros. Afinal precisamos, a cada momento, de saber com o que podemos contar.

Sonhar por sonhar não vale a pena. Gosto de sonhar com um pé assente em terra firme... ou pelo menos a pensar que o faço. O problema é quando a terra firme desaba. Quando somos levados pela enchurrada repentina da desilusão. Quando o que se nos revela em nada bate certo com o que nos iludiu.

Hoje precisava mesmo de falar. De quê?!... não sei ou não quero saber.

Porta dos Fundos

"Descobri" hoje uma equipa brasileira que mantem um programa no YouTube (Porta dos Fundos) que é uma verdadeira pérola do humor.

Como qualquer tipo de humor a sua qualidade depende dos gostos do espectador mas, para os meus pârametros, é do melhor que tenho visto recentemente e para me fazer rir nos dias que correm é preciso ser mesmo bom.

Deixo uma amostra aqui mas aconselho uma visita ao canal Porta dos Fundos.


Arrepio




Não consigo deixar de ficar arrepiado por muitas vezes que veja este vídeo... esta mulher é um fantástica e, a ser sincera (que acredito que sim), não há muita gente a viver assim o que faz.

Sigo-a desde dos tempos do Bastidores, bar do Herman José na parte de trás do Café-Café. Lá fazia a animação da noite com música pop/rock. Uma noite um cliente marcou jantar propositadamente porque soube que a Mariza cantava lá, esperando ter uma boa noite de fados foi surpreendido por um espetáculo completamente diferente. Fez questão de falar com um funcionário, mostrando a sua desilusão, obviamente não tinha sido correctamente informado.

Mariza, sem as condições ideiais, nem de espaço, nem de instrumentos, nem de audiência decidiu cantar 3 fados para que a noite do senhor não fosse comletamente perdida, um deles à capela. Fez-se silêncio às primeiras palavras cantadas... foi fantástico... foi Mariza.

Tive a sorte de estar presente e desde então esta senhora do fado é, para mim, a maior referência da canção nacional.

Filmes de levar às lágrimas

Vá-se lá saber porquê lembrei-me de alguns filmes de levar às lágrimas... há uns quantos, alguns já terei mencionado neste meu cantinho mas hoje decidi deixar uma listinha bem apropriada para esta altura do ano.

Lá fora chove e a temperatura começa a baixar, ora que melhor programa do que enroscar no sofá, deixar os lenços de papel à mão e carregar no play do dvd?!

Vamos lá então... Começando de forma ligeira:

Um clássico delicioso de 1991, quase infantil mas capaz de fazer soltar a lágrima ao mais gelado coração (ou daí talvez não) - My Girl (O meu primeiro beijo) - Com um desenrolar em tom de comédia faz-nos rapidamente passar às lágrimas... nunca consegui deixar de ficar comovido mesmo já sabendo a história. As crianças têm este dom de tornar tudo mais intenso...

Saltando para algo bem mais duro, de 2000, um soco no estômago, um mar de lágrimas caso se resista à primeira metade do filme (eu resisti mas tenho a vantagem de adorar a Bjork) - Dancer in the dark de Lars Von Trier. Duríssimo.

Descrevendo uma pequena aldeia costeira da Nova Zelândia e sua comunidade, uma história comovente da difícil mudança dos hábitos e tradições enraizados é contada num filme de 2002 - Whale Rider (A domadora de baleias) - Com pouco ritmo, pode não ser simples de ver, mas eu acho lindíssimo.

Seguindo para uma realizadora que muito aprecio (Isabel Coixet), a materialização de um tema que esteve, e está, muito presente em mim. Em 2003 transformou em filme muito do que penso sobre uma situação que é bem real - My life without me (A minha vida sem mim) - Uma história sobre o quão cruel pode a vida ser e a forma de dar a volta ao texto...

De Lars Von Trier outro soco no estômago, um retrato da sociedade actual (ou daquilo que sempre fomos) ou do ténue limite entre a realidade em que vivemos e o terror e absurdo em que podemos cair - Dogville de 2003.

Em 2004 surge outro filme marcante, outro tema que muito me diz. Uma história verídica, dura, sobre a qual muito se escreveu, muito se disse e debateu. No país vizinho fez nascer a discussão em torno da eutanásia. - Mar adentro - Conta a história de Ramon Sampedro, tendo como protagonista um genial Javier Bardem.

Novamente Isabel Coixet, em 2005 oferece-nos um hino ao silêncio, ao isolamento, ao que se transmite sem muito falar, à falta que nos faz que cuidem de nós - The Secret Life of Words (A vida secreta das palavras).

De um fantástico Sean Penn surge, em 2007, mais um filme inspirado numa história verídica. - Into the wild (O lado selvagem) - Apoiado numa banda sonora igualmente genial, de Eddie Vedder, é um dos melhores filmes de sempre.

De 2009 um outro filme baseado numa história verídica. Todos os filmes que envolvem sofrimento de crianças são duros... este é duma violência incrível. - My Sister's Keeper (Para a minha irmã).

Também de 2009 uma delícia de filme. Uma metáfora genial sobre os conflitos internos da mente de uma criança que nos faz pensar... e pensar... e pensar... - Where the Wild Things Are (O sítio das coisas selvagens).

E em representação do cinema português, um filme de 1996, para ser visto sem preconceito (é cinema português e depois?!) - Adeus, Pai - Pouco mais é que a história de muitas das crianças que conhecemos. Vale pena por aquilo que nos faz ver, ou por aquilo que quisermos ver.

Bom Outono, Bons filmes.
(Comprem português, usem lenços Renova e não Kleenex)

Comer, Orar e Amar

Terminei o livro, agorinha, de tão fresco está este terminar que ainda sinto o aroma das últimas frases.

Não é usual ler livros de autoria feminina, fazendo um exercício de memória é o primeiro que leio, mas tratando-se de uma dádiva e recomendação de alguém especial não quis deixar de experiênciar um escorrer das palavras femininas.

Tudo o que se escreve tem um pouco de autobiográfico, dizem, nem sempre será assim, mas neste caso é totalmente assim. O livro não é mais que um diário, bom... uma colecção de momentos vividos pela autora pelo período de um ano de busca espiritual.
Itália, Índia e Bali (Inónésia) são os 3 i's que dominam este relato, dividido em 108 capítulos, 36 para cada país, com uma estrutura inspirada em questões espirituais e religiosas mas que, de forma tipicamente feminina, não é seguida de forma tão clara assim.
É aliás por aí que se torna mais interessante este livro onde se podem encontrar tantas e tão claras evidências das diferenças que nos separam, homens e mulheres, e que certamente também nos unem.

Numa abordagem tosca e, diriam muitas das mulheres, masculina, resumiria o livro na seguinte frase - Uma mulher em busca constante de um homem que lhe preste vassalagem ou pelo menos que lhe ofereça bom sexo!. - No entanto, e como prezo bastante o meu lado emocional e, quiçá feminino, julgo que o livro consegue ir um pouco mais além.

Traz-nos o espírito que todos gostariamos de ter sempre presente, o espírito que nos faz lutar e derrubar as nossas barreiras em busca do que nos fará manter a paz e tranquilidade. Traz-nos a descrição condensada de um percurso sinuoso que não se distingue da vida de qualquer um de nós.
Como qualquer mulher, existem passagens, capítulos até que roçam o limiar do compreensível, levando-nos pela mão do pensamento a labirintos insolúveis onde nos perdemos sem conseguir perceber até onde nos queriam levar inicialmente.
Um homem seria bem mais pragmático, talvez se perdesse mais em pormenores e histórias paralelas que me parecem pouco ou nada exploradas neste texto. Mas uma mulher esconde-se, procura deixar implícito fugindo de explicitar. Espera que o outro entenda, até ao mais infímo pormenor o que espera, sente ou deseja.

No fundo a coisa falha, nem sempre por incompreensão do outro mas simplesmente porque há coisas que devem ser ditas e não insinuadas. No final de contas temos todos o mesmo objectivo, ser a espaços felizes. No final de contas o que diverge é a noção de felicidade.

O que entendi do livro foi precisamente a necessidade da protagonista de encontrar o local no espaço e no tempo onde fosse realmente capaz de ser feliz, de se encontrar a si própria. Pelo meio tornou óbvia a diferença entre feminino e masculino.

Numa camada superficial, nas aparências, os homens tomam a figura da insensibilidade, dos instintos básicos, do desejo carnal distanciando-se da doçura e procura muito mais romântica e sensorial das mulheres. As mulheres transparecem delicadeza, sofrimento, sentimentos e fragilidade duma forma tão real como a vista de uma janela de vidro fosco. Na verdade é um mundo de máscaras, qual carnaval de Veneza em que cada um procura afastar-se o mais possível do outro simplesmente para alimentar a eterna guerra de sexos, a eterna incompreensão entre feminino e masculino.
Mas, pode-se julgar que a falsidade se encontra apenas na capa com que nos cobrimos, à primeira vista poderiamos mesmo pensar que apenas isso é distinto, que na essência homem e mulher sentem, vivem e procuram o mesmo. Nada me parece mais errado. Na essência a mulher é mais básica que o homem. Não básica num sentido depreciativo, apenas no sentido de ser mais simples nos seus desejos.

Neste livro entende-se, que a procura realizada pela autora, embora revistida de espiritualidade e conquistas bem pouco materiais, culmina em pequenos (ou grandes) momentos de prazer material. O caminho espiritual serve, segundo me parece, para garantir que os prazeres materiais, aqueles que realmente são o alvo do feminino, sejam disfrutados, saboreados e consumidos da forma mais prazerosa possível. Encontram-se durante o livro, homens capazes de ser felizes sem auxílio desses prazeres materiais. O masculino é, na realidade, um ser capaz de se adaptar mais facilmente que o feminino, capaz de existir com outros propósitos que não aqueles que os seus instintos básicos indiciam.

Considero inviável e extremamente aborrecida a possibilidade existir um mundo sem mulheres ou o contrário, sem homens. A conclusão a que chego é apenas que vivemos numa farsa, suportada por tradições, religiões, éticas, critérios de sociabilização, o que seja, que nos impedem de mostrar o que realmente somos e de ver o que realmente os outros são. Não é lógico este comportamento, não facilita as relações entre os seres e não nos traz felicidade. A discussão não deve ser acerca das diferenças, muito menos das diferenças que aparentamos mas devem centrar-se nas semelhanças que realmente nos unem.


Âncoras

Neste preciso momento, nesta mesma hora apetecia-me caminhar em direcção ao mar, numa qualquer praia de areia fina e rasgar as ondas, passo a passo, deixar-me envolver pela espuma, pelo escuro profundo e seguir até os pés não tocarem no fundo movediço e ter de seguir à força de braços até perder a força num qualquer ínfimo ponto do oceano e deixar-me ir para onde a maré me quisesse levar. Mas tenho uma âncora, amarrada ao coração, que todos os dias me abraça e sorri e me impede de ir seja onde for. Cada vez mais tenho a certeza que se há algo de verdadeiro e fiável que eu tenha é esse abraço e esse sorriso onde me agarro todos os dias para seguir.

Tudo na vida fosse tão sincero e intenso...

A noite

Hoje não está calor, está como eu gosto, suportável mas a abrir o apetite para enrolar num regaço e ficar a ouvir o rodar dos carros no alcatrão, a revolta do vento que, a espaços, dá vida uma lata de uma bebida que se arrasta no chão quebrando estridentemente o falso silêncio da noite.
Não havendo regaço, sem ser o meu próprio, e não tendo eu aptidão para me enroscar como um cão ou gato parto para outras observações que também aprecio.
Poucas luzes resistem, em janelas de pressianas meio fechadas que protegem a privacidade dos olhares alheios. Milhões de vidas seguem, adormecidas ou acordadas, neste mesmo instante sem saberem o que lhes espera.
Será que alguém nos olha, lá do alto ou lá do fundo, que alguém nos controla ou decide como será o nosso amanhã ou mesmo o nosso próximo instante? E se não existe esse alguém, será que é tudo obra do acaso? Ou teremos nós o nosso caminho traçado e de nós só se espera que caminhemos sem saber para onde?

Imagino a morte. O fim de tudo. Estar aqui agora e de um momento para o outro...

...acabaria assim? Não acredito que fosse ter o cuidado de acabar com umas reticências, seria no mínimo demasiado perfeccionista. Talvez fosse algo mais parecido com "mf+p
#´+p7yu6"

Acabei de fazer o teste e deixei-me cair de cabeça sobre o teclado. Possivelmente este post nunca veria a "luz da blogosfera" ou então seria partilhado por familiares e amigos pelas redes sociais com uma história lamechas sobre a fragilidade do ser e a necessidade de aproveitar cada segundo das nossas vidas. Mas ninguém tem a certeza que assim seja... imaginem que a vida, tal como a conhecemos, é apenas uma perca de tempo. Imaginem que o bom vem de seguida e que apenas estamos na fila dos bilhetes do maior parque de diversões alguma vez visto.
A questão passaria a ser "Como raio arranjo eu maneira de ter um bilhete o mais depressa possível?!"

A verdade é que nunca ninguém voltou a reclamar que tinha sido mal recebido. Das três uma, ou várias, é indeferente porque o que interessa é exercitar o cérebro com uma treta qualquer. Assim, das três qualquer coisa, ou não existe nada depois e o fim é mesmo o fim. Game Over... siga... próximo, ou existe qualquer coisa de onde não podemos regressar e por muito má que seja nada podemos fazer, ou existe o tal paraíso e é de tal forma bom que ninguém quer voltar.

Seja como for, somos frágeis, somos ignorantes, somos demasiado pequenos e preocupamo-nos com coisas demasiado pequenas. Somos terríveis uns para os outros, pensamos demais em nós próprios e para quê?! Nem sequer sabemos se agora não será o nosso último instante...

Seja agora ou depois, o meu último momento, estou quase certo que por mais que tente não vou conseguir publicar neste blog como foi a passagem e vocês vão ficar na mesma... sem saber! Por outro lado, se por milagre conseguisse publicar a experiência imagino com certo gozo a vossa cara de pavor mesmo antes de dizer "Filho da mãe... como é que o gajo fez isto?!"


O pior e o melhor

O melhor abraço é o de mãe,
A melhor lição é a do pai,
O melhor beijo é o de quem se ama,
A melhor cumplicidade é a do amigo,
O melhor sorriso é o do(a) filho(a),
O melhor mimo é o do avô(ó),
A pior dor é a da perda de quem se ama,
O pior sentimento é a raiva que nos arrasa,
A pior experiência é a que nos afasta,
O pior desgosto é descobrir a mentira,
A pior traição é a do amigo.

Ponto Final, Parágrafo.

Tinha vontade de escrever algo com piada... infelizmente não é esse o espírito e como tal remeto-me ao silêncio, que é aliás a forma mais próxima da tranquilidade interior, antes porém deixo o meu manifesto com que me despeço por tempo indeterminado... sejam apenas umas horas ou seja uma vida.

Apetece-me que me ignorem. Sim, como o têm feito mas com a diferença, a enorme diferença de que sou eu a pedir.
Apetece-me dissolver-me na imensidão da indiferença mas por vontade própria. A indeferença não me será imposta é apenas reflexo do meu desejo.
Apetece-me parar de remar contra uma corrente que se tornou demasiado forte. Não é ela que me arrasta, sou eu que me deixo arrastar por ela.
Apetece-me apagar as minhas marcas. Não porque alguém as quis apagar mas sim porque eu não as quero deixar.
Apetece-me saltar da ravina. Não porque escorreguei mas porque deliberamente o farei.

Hoje almocei fora!

E que bem que se estava na varanda!
O bom de estar em casa é que podemos libertar a inspiração gastronómica. Com o calorzinho que está fica a sugestão, naturalmente leve e fresca*.




*Ingredientes: Alface biológica da horta dos pais, tomate, queijo de cabra da prima Laurinda (uma delícia que devia ser DOP), fiambre de perú, framboesas, amoras, morangos, oregãos, mel, vinagre balsâmico e azeite.

Adeus

Detesto despedidas! Mesmo quando sei que não há volta a dar, detesto despedidas.
Sou um lamechas, assumo isso, sou um lamechas do pior que há e detesto despedidas.

Associo a palavra Adeus à despedida definitiva, a toda uma carga negativa que nos remete para o afastamento definitivo, sem remédio nem probabilidade, ainda que ínfima, de que esse Adeus signifique um Até já.

É uma palavra sem significado que não o de Adeus. Num Até logo ou um Até já deixamos explícita a vontade ou a probabilidade, mais ou menos alta, de voltar a encontrar, num Até amanhã depositamos toda a nossa crença na existência do amanhã para todos os presentes mas, num Adeus... Adeus é Adeus e não há mais.

Bom... na verdade, e ao que apurei, a origem da palavra está na frase "A Deus vos encomendo" tendo sido com o tempo abreviada para "A Deus" dando origem  a palavra que conhecemos.
No fundo acaba por significar mais ainda, para os crentes encomendar alguém a Deus só pode ter um significado... pode muito bem ser traduzido por "Morre longe!". Talvez seja uma interpretação abusiva e assim mantenho a minha teoria inicial sobre a palavra, afastamento definitivo pelos mais variados motivos.

Escrito isto, divagando sobre a etimologia da palavra Adeus, devo reconhecer que durante a escrita de todos os posts de hoje esta palavra esteve sempre presente. Apenas este texto vê a luz do dia... ou a bruma da blogosfera, talvez porque considere importante registar, agora e aqui, que detesto despedidas.

Sabedoria de experiência feita

Era eu uma pequena criança quando apanhei no "ar" uma pequena fábula que me deixou perplexo durante anos. Na minha inocente cabeça a fábula em nada acrescentava aos meus princípios morais ou contribuía para a minha formação enquanto pessoa.
Claro que as minhas dúvidas não encontraram respostas por parte dos adultos e nunca consegui esclarecer a moral implícita no pequeno conto que parecia provocar uma enorme alegria aos mais crescidos. Exercitei a minha mente fazendo paralelos com a fábula da raposa e das uvas, levantei hipóteses e leituras várias sem qualquer sucesso.
Com o tempo e experiência a fábula que nunca esqueci veio a revelar-se, sendo para mim uma das mais claras evidências do meu crescimento enquanto ser humano...

Transcrevo neste post o conto cuja moral me intrigou durante anos da minha infância.

"Passeava uma rata pelo bosque e ao passar junto de um lago, viu um sapo rechonchudo sobre um nenúfar que lhe aguçou o apetite:

- Hummm... Vai ser este o meu almoço!

Prepara-se para dar um salto e repara numa mosca a voar:

- Bem vou esperar que o sapo coma a mosca, fica mais cheio e eu também!

Pensado e feito, o sapo comeu a mosca e a rata quase pronta para saltar vê uma abelha a voar:

- O sapo comeu a mosca, agora come a abelha, fica mais cheio e eu também!

E assim foi, o sapo comeu a abelha e a rata preparava-se para dar o salto em direcção ao seu almoço quando escorrega e cai na água!

Moral da história?? Quanto maior a espera mais molhada fica a rata."

Os austeros palermas

Lá anda a nossa selecção nas bocas do mundo! Felizes que estamos de alcançar as meias do Euro que até subimos ao marquês! Depois de tanto abanão em 1755 possivelmente a última coisa que o Exmo. Sr. Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, queria era servir de poiso a uns quantos plebeus com bafo a sagres e tremoço entoando cânticos de qualidade duvidosa em homenagem ao capitão da selecção.
Já com o Marquês pelos cabelos, ou pela peruca, e com o povo entretido e enfrascado, apitando e gastando combustível como se ele não estivesse pela hora da morte eis que surge, surrateiramente, pé ante pé para não incomodar, o Sr. Ministro das Finanças, Vitor Gaspar ou para os amigos Gasparito "Rapa o tachito".

Já conheciamos o seu tom monocórdico e as suas conferências de imprensa de embalar mas eis que nos surpreende com mais uma iniciativa de mestre... comunicação de más notícias e muito possivelmente mais austeridade no meio dos festejos da vitória portuguesa no Europeu... sim! Do alto do Marquês! Mas sem qualquer meio de amplificação da voz e sempre no seu som monocórdico e de frequências baixas. Capaz de passar desapercebido a um tísico, que como sabem ou ficam a saber, embora seja capaz de expelir os pulmões pela boca, ouve lindamente.

Bom... não terá sido bem no meio dos festejos, muito menos no alto do Marquês mas que foi no tom de voz habitual... e ponham lá a amplificação usada no concerto da Madona que vamos continuar a ter dificuldade de ouvir o Sr.

O problema, ou aliás, a vantagem de fazer comunicações no dia ou nos dias seguintes a uma vitória da selecção é que ninguém vai ouvir! O povo não quer saber da crise! "Nestes dias?! Nem pensar! Até vamos limpar o Euro! Quero lá saber do outro Euro... O Cristiano é o melhor do mundo! Até os comemos!"
E foi por certo nisto que o Gasparito pensou, se bem o pensou, melhor o fez.
Pergunto: Alguém ouviu o Gasparito?!
Não!!!!
Pois lá está, até porque os meios de comunicação social, que o Sr. Miguel "Eu não fiz mas fiz só que não fiz como fiz ou dizem que fiz e para além disso não tenho nenhuma vergonha na cara, nem em qualquer outro sítio" Relvas NÃO controla, NEM influência, muito MENOS ameaça, fizeram questão de passar horas e horas de repetições do golo do Cristiano, e horas e horas de comentários de todos os ex-internacionais de futebol (inclusivamente dos mortos... ah... não espera, era o Eusébio...) o que deixou muito pouco espaço para o Gasparito aparecer.

As notícias não são simpáticas para o governo, mas são menos para nós, a receita fiscal baixou 3,5% nos primeiros 5 meses do ano quando o executivo, e suas mentes brilhantes, calculavam um aumento de 2,8%... Surpreendente!!! Ahhhh!!! Meu maxilar recusa-se a fechar depois de notícia tão surprendentemente chocante!
Obviamente que seria de esperar. Logo na altura do aumento do IVA eu, como milhares ou talvez milhões de leigos e menos leigos na matéria, pensei: "Aumentam a taxa, reduz o consumo, vão ao buraco..."

Mas eu sou um leigo, estes senhores não, são notáveis pensadores e estudiosos.
Assim sendo, por certo irão encontrar outra justificação para a queda da receita. Possivelmente foi o inverno pouco frio que provocou diminuição de compras de produtos sazonais... Se não foi isso foi outra coisa qualquer e por certo aplicarão a mesma receita novamente, mais austeridade, mais imposto, menos subsídios, etc, etc ,etc...

Este comportamento comum a muitos, senão todos os políticos e governantes, faz-me recordar o que fazia quando era petiz.
Tinha uma luz de presença no quarto para me poder levantar durante a noite sem incomodar o meu irmão. Noites havia em que me esquecia de ligar a luz. Já depois de todo o quarto estar à escuras, lembrava-me da dita e tentava ligá-la usando apenas o tacto. Colocava dois dedos sobre os terminais da lâmpada, descobria os encaixes da tomada pelo tacto e depois os dedos serviam de guia e bastava ser rápido o suficiente a afastá-los para não apanhar choques.
Este esquema durou pouco, até ao dia em que apanhei um valente esticão. Com a mão dormente e uma vontade de ficar acordado durante uma semana decidi que o método não era apropriado e não o devia usar mais.

As diferenças entre a minha história e a do (des)governo nacional são:

1- Eu aprendi com o choque e deixei de recorrer ao método do tacto (apenas para ligar luzes de presença claro...). Estes senhores não aprendem, usam a mesma solução vezes sem conta sempre com o mesmo resultado. Estes senhores metem os dedos na tomada e deixam-se ficar.

2- Fui eu que sofri as consequências de uma solução errada. O choque doeu-me a mim e a mais ninguém. Estes senhores nunca sofrem a consequência do choque. Talvez por isso ainda não tenham aprendido que não devem meter os dedos nas tomadas.

Para estes ilustres pensadores e decisores deixo a mensagem - Tenham vergonha na cara!
Quanto ao povo que se pendura no Marquês... deixo-vos um aviso, quando acabar o Euro 2012 e decidirem voltar a acordar, puxem as calcinhas para cima... e não se preocupem que é natural a dor no esfíncter, com o hábito deve deixar de incomodar.

Silêncio

Envolto num silêncio que estranho embora esteja sempre presente e pronto a instalar-se.

Vivemos quais abelhas trabalhadoras, cada uma em seu favo e numa ilusão de companhia constante mas que facilmente se dissolve numa solidão avassaladora.
Como se houvesse um interruptor gigante capaz de cortar todos os canais que nos levam e trazem os outros. Dias há em que gostava de ter o comando desse interruptor, é diferente estar isolado porque se quer ou porque nos é imposto... é a diferença entre disfrutar de algum espaço e ficar sem espaço.

Fazendo um balanço do que passo, sinto que alturas há em que preciso de espaço e não tenho e outras em que não quero o espaço e tenho de sobra... raros são os momentos em que a coisa está certa, em que tenho espaço porque quero ou preciso de aconchego e tenho.

Enfim... resta-me continuar no meu favo a tentar produzir algo que me adoce a vida.

Bom apetite!

Sem grande apetite decidi resolver a questão criando qualquer coisa que me motivasse a comer.
Um trouxa de massa filo com mozzarella (à falta de chévre e vontade de ir comprar), compota de pimento vermelho e malaguetas, acompanhado de um salada de alface e morangos (ambos de origem biológica, garantida e de confiança).

E assim se engana a falta de apetite. Deixo o resultado, não deixa de ser uma homenagem à nossa selecção... com um pouco de esforço consigo ver ali a bandeira nacional.


Não chega já?

Mas que raio de tempo é este?!
Vai-se a ver e uma pessoa ainda é apanhada no meio de uma enxorrada de calção e chinelos!

Está bem que estando em casa é igual ao litro, se chove ou faz sol é lá fora mas tem sempre alguma influência no estado de espírito de cada um.
No que a mim me toca gosto de chuvinha e tempinho de inverno mas no sítio certo, num qualquer castelo escocês com vista para um logo cheio de monstros mitológicos ou um céu cinza carregado num país nórdico enquanto se beberica uma qualquer bebida quentinha e se vê um filme de fazer chorar as pedras da calçada... agora em Lisboa em pleno mês de Junho?!?!

Como sempre tenho as minhas teorias, desta feita duas.
Assim, ou é estratégia do governo na resposta às pressões da troika, com o objectivo de fazer com que o pessoal esteja em modo "depré" e concentrado na tão aclamada produtividade e não na imperial e no caracol ou...

...em alternativa, é consequência de um plano maquiavélico de S. Pedro para estragar a festa do concorrente Sto. António, mas o plano falhou por atraso do centro de baixas pressões, ao que parece vinha de comboio mas como a CP (Comboios Parados) entrou em greve deu cabo da estratégia do porteiro meteorologista.
É bom que arranje alternativa de transporte para o dia de S. João uma vez que a os comboios vão continuar parados.

Estou certo que concordarão comigo quando considero bem mais provável esta segunda hipótese.
Até porque o governo desapareceu após a polémica Relvas. Não acredito que o tenha feito por vergonha mas apenas porque a tarefa de ler relatórios sobre a vida privada das pessoas ocupa muito tempo.
Por falar em relatórios sobre a vida privada das pessoas, será que já alguém considerou a hipótese de contratar os "jornalistas" da Caras para tomarem conta dos Serviços Secretos nacionais? Acho que conseguem ser mais discretos e recolher as mesmas informações relevantes.

Bom... parece que o amigo S. Pedro já leu a minha queixa e já brilha o sol na minha varanda. Obrigado.

Nas minhas mãos!

Chegou o dia! Não é fácil dar o passo e tomar as rédias do nosso destino profissional, mas pior é tomar as do destino pessoal.

Oficialmente deixei de entrar nas estatísticas de desemprego, certo é que não estou nem mais nem menos desempregado ou empregado... estou na mesma. Mas o ar fresco que entra pela janela respira-se melhor hoje.

Ontem foi dia de dor de cabeça, quase a explodir, fiquei de rastos pelo fim da tarde e às nove da noite cedi, por KO... fui ao tapete, ou à cama, demorei a adormecer não só pela dor de cabeça mas mais pelas (in)certezas que inundavam o pensamento. Há dias em que as incertezas parecem mais dóceis que as certezas, nas primeiras ainda podemos ter alguma esperança de serem positivas as outras são o que são.

No deve e haver das (in)certezas tenho hoje um saldo positivo, ganhei uma certeza, estou por minha conta, o que trás mais incertezas, ou talvez não sejam mais mas apenas diferentes. O futuro depende de mim, da minha capacidade, dos apoios que conseguir, do que conseguir lutar e fazer acontecer.
Como antes escrevi neste meu cantinho, os apoios chegam de onde menos se espera da mesma forma que as rasteiras e indiferenças. Conto comigo, conto com quem quiser contar comigo. Estou positivo tendo consciência do muito de negativo que me espera.

Talvez pelo contraste com o final do dia de ontem, sinto-me a recarregar energias, sinto-me com força e eu sei, que com força consigo ir onde quiser. Espero que dure...

É isso!

O "livro das caras" é um poço de muita treta sem interesse nenhum, eu mesmo, cada vez mais, despejo por lá coisas sem interesse. Mas por vezes vemos coisas que tocam nos botões certos... decidi roubar e publicar no meu cantinho de coisas mais ou menos interessantes... ou não!

Dias há

Muitos dias mesmo em que este cantinho é mesmo assim, um vazio de ideias, de palavras e imagens.

Já devem estar habituados mas não julguem que é falta de tempo, vontade ou inspiração. Nem sempre é esse o motivo. Não raras vezes é apenas o espelho do dono, um vazio de ideias, de palavras e imagens... pelos menos que se possam publicar.

A verdade é que a vida nos desilude, as pessoas também, nós próprios nos desiludimos e há dias em que a tanta desilusão nos esvazia. Um dia que corre pior, uma verdade que se torna mais clara, uma realidade que há muito se afastou da nossa vontade.

Querer não é, e muito me custa admitir isto, não é poder. Porque há coisas que não dependem só de nós. Podemos sempre mudar de querer e conquistar outras vontades mas... não é a mesma coisa.

Há quem mude de vontades, há quem facilmente possa, porque lhe basta querer o que sabe que pode, que prefere não lutar ou simplesmente nunca quis realmente e há quem conserve por muito tempo as mesmas vontades, os mesmos sonhos que por vezes teimam em ficar longe.
Lutar por uma coisa pode não ser simples, lutar por várias em simultâneo pode ser complicado... lutar por várias e sem reservas de energia... é impossível.

Enfim... talvez não faça sentido. Mas afinal que sentido faz fazer sentido?

Feliz dia da Criança!

Hoje, como em qualquer dia da criança e muitos outros, a minha memória fixa-se num pequeno grande livro. Num livro que deviamos ler durante toda a vida, pelo menos uma vez por ano, porque a cada leitura, à luz das experiências que vivemos, vamos redescobrir motivos, respostas e interpretações.

Não que eu o tenha feito todos os anos, mas já o li umas quantas vezes, em diferentes idades e momentos, na realidade trata-se, como já frisei noutro
post deste meu canto, de um "pequeno grande livro sobre o óbvio para as crianças e esquecido para os adultos" e vale a pena recordar o que esquecemos tantas vezes.

Devia ser uma bíblia, devia estar presente na cabeça de todos nós, adultos, que não distinguimos uma jibóia que digere um elefante de um chapéu.

Pelo menos hoje, pelo menos uma vez por ano, tornem o vosso canto mais colorido e libertem a criança adormecida dentro de vós, assim conseguiremos ter um mundo menos cinzento pelo menos durante um dia. Feliz dia da criança para todos vós!


Introspecção

Estarei eu a "abichanar"?! Certamente que não!
Hoje é dia de variar, apenas em termos de sons, nada de confusões. Se há coisa sobre a qual não tenho dúvidas é sobre a minha sexualidade e isso deixa-me perfeitamente seguro em relação a estes posts.
Os verdadeiros génios conseguem usar as palavras, os sons, os gestos ou as performances de forma a tocar todo o tipo de pessoas, opções e gostos.

Tenho aquela inveja boa que se sente de quem consegue atingir-nos sem sequer saber da nossa existência. Deve ser óptimo saber que se consegue fazer soltar uma lágrima ou um sorriso alheios com um poema ou uma nota musical que, disparada aparentemente ao acaso, atinge em cheio o desconhecido num ponto sensível.

Cada um de nós por certo já se sentiu tocado assim, ao ler um texto, ao ouvir uma música, ver um filme ou teatro ou simplesmente assistindo a algo que não nos pertence, que não nos é dirigido mas que tomamos como nosso, pelo momento, pela situação ou por simplesmente estarmos com as defesas em baixo. A mim acontece-me a toda a hora... e aconteceu mais uma vez com esta canção.

Em tom de canção de embalar, em perguntas que parecem feitas à medida, descubro neste fenómeno dos anos 80 a preocupação que por vezes parece estar Sempre Ausente no mundo real.

Com a Vossa licença

AAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!!

Só me apetece é gritar! Peço desculpa mas há dias assim ou deverei dizer que quase não tem havido dias que assim não seja?

Isto de passar o dia sozinho o que tem de bom também tem de mau... ou então sou eu que só estou bem onde não estou, já lá dizia o genial António. De qualquer forma sempre é um bom motivo para ouvir novamente uma música muito à frente no seu tempo.


As coisas que se descobrem...

...às 4 da manhã quando estamos prontos para ir dormir!

Já ouviram falar do zumbido de Taos?! No original Taos Hum, deve o seu nome à cidade do estado americano do Novo México onde o fenómeno foi detectado pela primeira vez (1991).
Ao que parece 2% da população começou, subitamente, a ouvir um zumbido (som de baixa frequência) constante, dia e noite. Os afectados pelo problema foram designados por "hummers" e ao que parece o ruído é tão incomodativo que provocou o suícidio de alguns dos "ouvintes"*.
É descrito como semelhante ao som do trabalhar de um motor díesel a grande distância e foi investigado por vários cientistas e laboratórios sem que se tenha encontrado uma causa.
Posteriormente o mesmo fenómeno foi detectado em diferentes locais do globo (Suécia, Inglaterra, Japão e outros).

"Meus caros" iluminados cientistas e "hummers" que procuram a origem do zumbido, deixo-vos uma pista: com a quantidade de indivíduos deste mundo que se estão a defecar** para o próximo é normal surja uma ou outra (ou muitas) fuga de gases provocando algum ruído, por certo bem incomodativo***.

*São uns meninos, não conseguem viver com um zumbido... Imaginem lá se tivessem que aturar os "nossos" trabalhadores da recolha de lixo e os seus "silênciosos" camiões ou, mais agreste ainda, tivessem que ouvir uma conferência de imprensa do Vitor Gaspar, isso sim um insuportável zumbido monocórdico que podia ser batizado como Lisboa Fart, não tanto pela sonoridade mas mais pelo conteúdo.

**Ponderei a utilização do termo mais vulgar, cagar, mas concluí que devia manter o nível de escrita a que habituei os meus leitores. Com o devido respeito e porque eu procuro não contribuir para o Taos Hum.

*** A minha segunda hipótese está ligada ao ruído dos motores díesel a grande distância... será que não ouvem mesmo os "nossos" camiões do lixo?!

Desistir

A alegria e energia de outrora fugiram-lhe na passagem dos anos, as certezas e vontades de tempos idos tornaram-se dúvidas e impossibilidades dos dias de hoje. Como areia por entre os dedos, como a água corre para o mar, sente-se impotente para travar a ordem natural dos eventos e caminha, derrota após derrota para um destino que desconhece.
Foram-se os tempos em que provocava inveja pela sua vontade de viver, pela sua luz que transpirava por cada poro, pelo caminho ficaram dias e noites de lágrimas escondidas e gritos abafados.

Nesses dias e noites aninha-se, enrosca-se sobre si mesmo e passeia os seus dedos na pele, procura confortar-se a si próprio, traz à memória os tempos de meninice em que uma massagem da mãe fazia passar toda e qualquer maleita. Adormece na luta de afastar os maus pensamentos... não sonha, ou se sonha não se recorda, ou se recorda depressa o sabor triste do acordar apaga qualquer laivo de felicidade. A água do chuveiro esconde as lágrimas que se soltam, por vezes sem controlo, por vezes sem motivo. Apenas ele e mais algum divino ser em que não crê sabem o que sente, o que passa, o que todos os outros não imaginam.

Respondia por um nome qualquer, por um apelido qualquer, pois o nome pouco importa e o apelido menos ainda. Foi-se apagando a cada dia, pelo desgaste provocado pelas pancadas, trambolhões e carambolas a que o mundo e todos os outros o sujeitavam e a que ele mesmo não conseguia, nem queria fugir.
Iludia-se quando encontrava o mínimo motivo para tal, agarrava-se com unhas e dentes como se desse momento dependesse a sua continuidade, renascia a cada ilusão para depois adoecer e envelhecer muito mais rapidamente do que a vez anterior e terminar, como em todas as outras vezes, prostrado às suas frustações.

Incapaz de reagir desistiu. Hoje, ontem, um dia qualquer, pouco importa. O dia em que a palavra que desconhecia existir manchou definitivamente as páginas da sua vida.

Hora de...

...ir dormir.
As noites até às 5 começam a ser demasiado frequentes... não pode ser assim!
O último a sair desliga a luz e fecha a porta! Boa noite.

"Desabedoria" Baluliana

Quando caídos é de onde menos se espera que surje o apoio para levantar mas também é de onde menos se espera que surje a indiferença.

Este país não é para pobres

Hoje tive mais uma apresentação quinzenal como previsto no código penal que abaixo transcrevo*... como não percebo nada de leis não sei onde se enquadra o crime de "despedido numa restructuração da empresa" mas por certo deve ser grave pois segundo a lei a apresentação periódica só se aplica para crimes com pena até 6 meses.

Mas não me quero desviar do propósito deste post, descrever a situação com que me deparei durante a dita visita ao centro cívico de Carnaxide. Cheguei e estariam umas 6 pessoas (ou deverei dizer "criminosos" como eu?) à minha frente, no cenário habitual onde apenas falta o povo a apupar, lançando impropérios e objectos cortantes aos "criminosos" que se alinham carregando as suas cruzes e coroas de espinhos.
Uns minutos passados e é a vez de uma senhora, que julgo ser relativamente nova mas que está relativamente acabada, acompanhada pelo seu filho de 15 ou 16 anos. Aproxima-se da funcionária que, após uma breve troca de palavras, exclama - A Sra. está a dizer-me que está a trabalhar?!
- Não... são só uns biscates... - retorquiu baixinho a Sra.
- E tem feito busca activa de emprego?!
- Como faço isso?

- A Sra. tem de procurar emprego, enviar CV's, contactar empresas... 4 por mês! Se a chamarem ao Centro de Emprego tem de levar as provas de que o faz.
- Mas como?

- A Sra. sabe usar a internet? 
- O meu filho sabe...
- Então tem de procurar empregos e empresas e enviar CV's...A -  conversa continua por mais uns breves instantes e termina com - Procure emprego e eu vou esquecer o que me disse.Não sei se fui só eu, mas senti um misto de sentimentos estranhíssimo... estava na presença de alguém que, consciente ou inconscientemente, procura enganar o sistema (reprovável), mas também fui confrontado com a realidade da ignorância e talvez do desespero de quem não tem condições para viver. Sim, é bem verdade que desconheço a realidade daquela família, é certo que pode ser simplesmente um acto bem encenado de alguém que explora o apoio social, completamente à margem da lei, mas a realidade pode muito bem ser outra.
A falta de sensibilidade do estado social, de cada um de nós para tornar as regras claras e justas, para informar, para ajudar tal qual se ajuda a velhinha a atravessar a estrada é, em muitos dos casos, o que provoca esta ignorância.

As pessoas são diferentes à nascença, são diferentes na educação, na formação, na forma de encarar as adversidades, nem todos podem perceber uma lei, por mais simples que seja, nem todos entendem que têm de abdicar de lutar pela sobrevivência simplesmente porque assim está decretado por um estado castrador.
Por outro lado, quem já visitou um Centro de Emprego percebe que o atendimento varia de acordo com o utente, não há paciência para "pobres" de formação reduzida, não há predisposição para "ensinar", para receber e "tratar" pessoas que nem sempre são "criminosos", pessoas que sofrem com problemas que possivelmente a maior parte de nós desconhece.

Este país não é para pobres, mas é de probres, pobres de espírito, pobres de personalidade, pobres de justiça e altruísmo. 



*
Artigo 198.º
Obrigação de apresentação periódica
1 - Se o crime imputado for punível com pena de prisão de máximo superior a 6 meses, o juiz pode impor ao arguido a obrigação de se apresentar a uma entidade judiciária ou a um certo órgão de polícia criminal em dias e horas preestabelecidos, tomando em conta as exigências profissionais do arguido e o local em que habita.
2 - A obrigação de apresentação periódica pode ser cumulada com qualquer outra medida de coacção, com a excepção da obrigação de permanência na habitação e da prisão preventiva.

"Desabedoria" Baluliana

Há (muitas) pessoas que passam tanto tempo a olhar para o seu umbigo que nem conseguem ver a merda que se acumula à volta dele.

"Desabedoria" Baluliana

Por vezes é preciso enfiar com os cornos no poste para ter a certeza que ele lá esta.

Palavras soltas

Dor, Amor, Paixão, Loucura, Tristeza, Alegria, Dedicação, Ajuda, Infelicidade, Felicidade, Trabalho, Esforço, Glória, Lágrima, Sangue, Pele, Calor, Gesto, Chuva, Terra, Areia, Pedra, Barreira, Escalada, Caminhada, Epopeia, Sofrimento, Passo, Ferida, Lama, Sujidade, Lixo, Brilhante, Carne, Admiração, Traição, Solidão, Conforto, Raiva, Revolta, Grito, Chão, Buraco, Sorriso, Morte, Luz, Sabedoria, Experiência, Corte, Abraço, Euforia, Prazer, Tentação, Paraíso, Impossibilidade, Improvável, Inexistente, Incoerente, Doença, Terminal, Magia, Viagem, Comboio, Queda, Desaparecimento, Distância, Céu, Mar, Frio, Gelo, Arrepio, Sentimento, Sol, Nuvens, Lua, Escuro, Apagado, Brincadeira, Jogo, Sério, Verdade, Realidade, Dura, Intenso, Gemido, Sentido, Beijo, Mordido, Apulhalado, Rasgado, Despedaçado, Inteiro, Firme, Árvore, Idosa, Gigante, Resistência, Velho, Podre, Estragado, Lamento, Perfeição, Palavra, Solta.

O que te diz cada palavra?

Frangamente!


Simplesmente genial! Gostava de conhecer o erudito que sacou da cartola esta assinatura... Espero que não tenha feito a adaptação para negócios de carnes de porco porque isso seria frangamente mau.

Entrega

Sente no toque dos dedos o caminho que lenta e suavemente desenha por entre o corpo do seu desejo. Escuta o respirar que quase a medo se solta e perto, muito perto, capaz de sentir o calor que dela emana, segura o mais puro dos instintos. Num jogo perigoso que provoca eloquente reacção controla-se, coloca o dedo indicador sobre os seus lábios e afasta-se o bastante para que entenda que não vai mais longe, deixando-se ficar suficientemente próximo para que entenda que irá até onde ela quiser. Observa. Fixa os seus olhos em cada pormenor da sua aliada do prazer. Gosta. Adora. Ama. Os seus olhos brilhantes de vontade deixam-no desarmado. Uma palavra basta para que todas as suas defesas se desmoronem. Resiste por enquanto, qual condenado no corredor da morte. Implora em silêncio uma palavra, um gesto, um convite, um consentimento. Em breves segundos passa de caçador a presa. Entrega-se à exploração, a ser explorado. Sente-se descoberto quando o seu corpo é desenhado pela sua língua. Respira fundo. Geme. Num último gesto de resistência segura-lhe a cabeça pausando a viagem de destino definido mas logo se resigna, não há regresso. Rende-se. Entrega-se num gesto firme indicando o fim do percurso, indicando o fim da fuga. Liberta-se, sujeita-se ao desejo que por ela sente, ao desejo que ela por si sente. Retalia na mesma moeda. Sente o seu sabor uma, e outra, e outra vez. Deixa-se saborear uma, e outra e outra vez. Sôfregos, como se apenas alguns segundos restassem, como se o jogo inicial lhes tivesse roubado demasiado tempo. Quais animais saciando a sua fome e sede seguem num movimento frenético de paixão e loucura. Percorrem os manuais mais ousados e rompem os limites desconhecidos.
Procuram-se. Encontram-se. Bebem-se. Comem-se. Abraçam-se. Fundem-se. Amam-se.


Concentram-se no momento, o passado começou ali, minutos antes, o futuro está à distância de um novo êxtase.

Vá-se lá perceber!

As "novas" redes sociais vieram trazer a facilidade de estabelecer ligações, de conhecer pessoas e partilhar informação e experiências mas, no reverso da medalha, vieram somar-se às sms e aos "pré-históricos" bilhetinhos passados de mão em mão como um novo canal de terminar ligações e com largas (des)vantagens sobre os meios já existentes, senão vejamos...

Como anteriormente, a ligação pode ser terminada de forma unilateral e por iniciativa de qualquer dos envolvidos mas, no caso das redes sociais, o "terminador" pode efectivar a quebra de ligação sem ter que alertar ou dar qualquer justificação à outra parte que, eventualmente, só se aperceberá do "lamentável final" dias mais tarde.
Outra (des)vantagem é o permitir deixar no ar a hipótese de erro informático, lapso de utilização ou ainda um ataque pirata ao sistema, em qualquer dos casos, por grande azar a ligação é afectada de forma irreverssível.

Curioso é ver "desaparecer" amizades, sabe-se lá porque motivo, numa rede dita social onde se procura re-aproximar as pessoas num mundo onde a virtualização das relações surge como única alternativa à socialização tradicional, cara a cara.
Mais curioso é dar o nome de Facebook (raínha das redes sociais) a uma rede social que abre lugar a agir sem ter de "dar a cara".

Remeto-vos para o post que já antes publiquei (curiosamente fez 2 anos no passado dia 19) porque me parece cada vez mais actual e porque há coisas que não percebo... ou talvez perceba mas não tenho que divulgar.

A todos quantos se "desamigaram" de mim ao longo dos tempos, na sombra das redes virtuais, chats, telemóveis e afins, também a todos os que tiveram a coragem e o respeito de o fazer cara a cara não posso deixar de vos comunicar o meu desejo de que a vida vos corrar de feição e que sejam brindados a cada dia pela felicidade da qual eu, naturalmente, não faço parte.
Certamente nunca vos chegará aos ouvidos (aos olhos, neste caso), certamente que mesmo que chegue vos dá igual o que eu pense mas é sincero este meu pensamento.
A amizade é, ou deve ser, a mais pura das relações. Para isso precisa de empenho de ambas as partes, estúpido aquele que tente por si só salvar uma amizade que deixou de interessar à outra parte.

O dito cujo referenciado: http://ricabalula.blogspot.pt/2010/04/redes-sociais.html

Lindo dia

Hoje está um dia de verão! Um sol quente que nos traz a moleza e preguiça, que nos faz querer simplesmente estar, não pensar, não fazer.

Mas sinto uma calma estranha, um silêncio profundo salpicado dos ruídos do mundo que segue e evoluí à revelia do que é a nossa vontade. Sinto o vazio enorme que se instala na indiferença dos outros no momento seguinte em que perdemos algo ou alguém.

Devia sentir-me bem, pensar positivo ou simplesmente não pensar mas trago à memória o ruído da terra despejada sobre o caixão, do regresso ao lugar onde o espaço se torna demasiado para tudo o que preenche. A saudade chega e não se consegue prever como e quando a iremos conseguir controlar.

Hoje seria um dia lindo se a cabeça fosse outra, se a vida fosse outra.

A insustentável imprevisibilidade do ser

Hoje é dia "não"... ontem foi "nim"... outros haverá que são "sim", pelo menos espero que haja!
As subidas e descidas desta montanha russa que é o nosso estado, e não o sólido que esse, com mais ou menos consistência vai-se mantendo, o estado psíquico ou a alma, se preferirem um termo mais metafísico.

Espero a época do degelo neste inverno com roupagem de primavera mas a temperatura espiritual mantem-se em níveis baixos, muito baixos e esta febre negativa provoca o adormecimento da vontade e da coragem. Bem sei que tudo gira, roda e avança (como bola colorida nas mãos de uma criança) e que se hoje é mau amanhã será melhor mas também há as espirais descendentes que acabam no fundo sem deixarem memória senão do sabor amargo da tristeza.

Baba de Caracol

Estou a ser bombardeado com anúncios de TV sobre um creme miraculoso de baba de caracol... comprando dois tratamentos oferecem um terceiro o que nos garante que estamos a pagar pelo menos 50% mais do que deviamos pelos 2 primeiros frascos.

O anúncio "à la Mike" oferece-nos belas imagens ampliadas de peles perfeitamente minadas de manchas, sinais, furúnculos e afins (retiradas por certo a cadáveres da 2ª grande guerra) que se transformam, graças à baba dos bichinhos (e a muito Photoshop), em belas peles de princesa ao fim de apenas 3 dias! Formidável, Mike!
Claro que o anúncio me prendeu a atenção, de tal modo que me intriga o facto de não ter apanhado o preço da oferta... estranho.

Mas mais curioso fiquei em saber como o caracol produz a dita baba, sou tentado a pensar que seja com a boca (fazendo a analogia com os humanos) mas no mundo animal as coisas nem sempre são como parecem. De qualquer forma, e acreditando que seja com a boca, será que iremos ter clínicas especializadas em tratamentos de baba de caracol?! Um exército de caracoís a escarrarem no nosso corpo a bem da recuperação dos sinais da idade... bela imagem... mas pode ser pior caso a baba seja um nome mais "simpático" para esperma, convenhamos que não seria apelativo "Use esperma de caracol na sua face!", talvez seja um golpe publicitário, baba é mais "simpático".

Esta segunda hipótese também me faz pensar no método de recolha da "baba", será que existem especialistas em masturbar caracoís? Ou é do tipo "Aqui tem o seu frasquinho e pode entrar na salinha 2 s.f.f."? Pelo menos não serão precisas revistas ou filmes uma vez que, como se sabe, o caracol é hermafrodita...