De volta ao Natal

A histeria do Natal regressou e pelo segundo ano consecutivo estou sem ideias para prendas. E o mais grave é que não tenho ideias para mim mesmo...
Desde do meu aniversário que me debato com o problema, tinha escolhido para prenda de aniversário uma bicicleta de montanha, suspensão integral, tal e coisa, toda boa e a um preço imbatível. Exclusivamente distribuidas por venda directa da fábrica (online) a um preço imbatível, entrega em 15 dias. Fiz a encomenda e... "Não sei se haverá disponível para entrega, estamos em 'saldos'.", "Mudámos o sistema informático... temos dificuldades em confirmar a disponibilidade dos modelos", "Não. Não há para entrega. Em breve teremos os modelos de 2009.". Ou seja, para prenda de aniversário esquece lá isso Balula, fica para o Natal, talvez um modelo de 2009, ainda mais tal e coisa.
Chega o final de Novembro e surgem os novos modelos! Vamos lá encomendar. Depois de uma rápida fase de análise e selecção, preenche formulário e antes de submeter verificar disponibilidade... "processing"... "waiting"... "Isto é uma previsão não uma promessa de entrega"... "Semana: 9"... "Semana actual: 50".
9?! 9 de 2009?! A minha prenda de Natal?! em Março?! Tudo bem que ainda tenho a prenda do Natal de 2007 de um amigo meu lá em casa mas isso não tem nada que ver com o caso.

Bom... faço o apelo aos milhares de leitores deste blog para que enviem sugestões de prendas de Natal (dispenso sugestões tipo "uma gilhotina", "uns sapatos de betão", "uma corda no pescoço" ou ainda "um pau pelo..." bem, acho que dá para perceber).

Parabéns atrasados

Desculpa lá o atraso Balula... passei o dia de ontem a lembrar-me e acabei por me esquecer.

Blogging... posting...

Vivemos a era do ing... ou deverei dizer estamos living na era do ing?! Não descobri como nem porquê mas fomos invadidos por estrangeirismos desnecessários e alguns sem qualquer sentido ou tradução nas supostas línguas de origem. Desconfio que sei o que provocou isto, mas é apenas uma teoria. Passo a explicar.

É sabido que os primeiros imigrantes portugueses, dotados de uma formação e conhecimentos muito limitados, derivado das suas deficientes condições de vida, ao chegarem aos países que os acolheram tomaram conhecimento de objectos e realidades que até então desconheciam e para os quais não tinham a respectiva designação portuguesa. Assim surgem os frigidaires e afins. Em conclusão, os estrangeirismos desnecessários e ridículos surgem, em muitos casos, devido à ignorância do indivíduo, o que é grave é que agora, para ocultar esta realidade, passou a ser moda ou, permitam-me o estrangeirismo, passou a ser cool inventar palavras que não existem para designar objectos ou realidades já há muito baptizadas em português.

A terminação mais usada é o ing, senão vejamos, em vez de estudos de mercado ou estudos comparativos de concorrência temos os benchmarkings (ou como alguns iluminados designam, benchmarketing, num acumular de ignorância e estupidez inacreditável, visto que tal termo não existe nem nos dicionários ingleses - usei o webster online como referência) . Continuando, as máquinas automáticas de venda de bebidas e comida são agora máquinas de vending (vending?!?!), a área de cliente que o nosso banco disponibiliza na Internet, onde podemos aceder a vários serviços, chama-se HomeBanking, o aluguer de longa duração é um renting ou um leasing, e imagine-se que em muitos casos imprimir já começa a ser fazer um printing!!!

Qualquer dia temos lojas de rouping ou fast vesting, ou mesmo serviços de decorating ou ainda estabelecimentos de fooding... não confundir com casas de alterning onde podemos obter não um serviço de fooding mas sim de foding e, inclusivamente, um broshing, que, por sua vez, não devemos confundir com o brushing das cabeleireiras que no meu tempo, e no meu país, era somente pentear (com uma escova).

Poesia?!

Que a pedra mais dura também quebra,
pela água que corre e o frio que sente.
Rola e rebola, na força da corrente
lasca, alisa e apara.
Perde, ganhando, até deixar de sentir,
Até que ninguém se recorde
que para a pequena pedra existir
a mais dura teve que partir.

Geração Rasca

Não podemos identificar uma idade, nem uma área de formação, nem uma religião... não existem padrões que facilitem a identificação, os fdp's espalharam-se pela nossa sociedade a uma velocidade incrível e estão por todo lado, são eles que constituem a verdadeira geração rasca.

Tubarão-fraude na costa alentejana(III)

Este meu canto é aberto e livre de lápis azuis portanto, tenho todo o prazer em publicar a resposta que recebi do CM. Sim, é verdade. Os funcionários do CM (ou pelo menos um deles) surpreendeu-me com uma justificação para o sucedido. Lamentavelmente, por uma conjução de factores, só hoje vi o email que me foi enviado no próprio dia em que enviei o email. Peço desculpa por tal, agradeço e publico de seguida a resposta.

Caro leitor
Tem toda a razão. Por lapso não surgiu a identificação de fotomontagem das duas fotografias (ambas de AP). Optámos por fazer a sobreposição para maior facilidade de comunicação. O CM tem por norma identificar as fotomontagens e por causa deste incidente já tomámos medidas para identificar sempre as fotomontagens
Obrigado
AEP

De qualquer forma o episódio II desta saga não é invalidado pois não detectei na página da notícia a indicação de fotomontagem que me é referida no email (para mais, chamem-me desconfiado ou teórico das conspirações mas o lapso cheira a propósito) mesmo assim é de louvar a atenção dispensada e principalmente o respeito demonstrado ao enviarem uma resposta, estou convicto que muito poucos o fariam.

Tubarão-fraude na costa alentejana(II)

Em resposta ao meu email recebi... nada!

Bom, nada não é bem o mais correcto, descobri que a resposta ao meu email (e possivelmente a todos os outros que devem ter chegado ao CM) foi "corrigir" a situação, ou seja, do ponto de vista do CM, a correcção do problema passou por publicar a imagem adulterada no site. Tem toda a lógica, os jornais já estavam na rua e seria impossível alterar a imagem impressa...

É este o país em que vivemos, se não podes corrigir o erro pelo menos mantem a coerência.

Tubarão-fraude na costa alentejana

Ontem passeou pela costa alentejana um simpático tubarão frade, com cerca de 5 metros. Por ser vegetariano o perigo que representa para os banhistas é nulo. (ou quase, como aprendemos no Gang dos tubarões há hipótese de aparecer um tubarão branco vegetariano, assim não seria de estranhar um tubarão frade carnívoro!) Sendo um acontecimento raro nas nossas costas foi naturalmente noticiado hoje em vários meios de informação. Fantástica foi a forma como o CM o fez, notícia de primeira página com uma fotografia adulterada... afinal na original, que publicaram no site, o tubarão nem se via... ora se é ele o protagonista entende-se que se dê um jeitinho!
















Como podem verificar as fotos são exactamente iguais, tirando o pormenor do tubarão... Ao que parece o CM apenas conseguiu negociar os direitos de imagem do animal para a versão impressa, não tendo chegado a acordo com o representante do tubarão relativamente ao valor a pagar pelos direitos na plataforma digital (devido à exposição internacional que o jornal impresso não possuí).

Este comportamento do CM, assim como outros que já tive conhecimento, motivaram-me a uma tentativa de comunicação com os senhores. Transcrevo de seguida o meu email.

Exmos. Srs.,

Não sendo leitor frequente do vosso jornal tenho por hábito pesquisar algumas das notícias que surgem diariamente online, recorrendo, por vezes, às respectivas versões impressas na procurar de complementos de informação.

Fui surpreendido com a notícia de primeira página da vossa publicação, um tubarão de dimensões enormes para as nossas costas. O meu interesse surgiu não apenas pelo raro fenómeno em si mas igualmente pela fotografia por vós apresentada na versão impressa. O desconhecimento que confesso deter da morfologia do animal em causa não me impediu de considerar estranha a imagem apresentada. Procurei então mais notícias sobre o sucedido na internet e deparei-me com a imagem por vós colocada online, exactamente igual à versão impressa mas sem tubarão vísivel (apenas uma mancha mais escura na água).

Infelizmente este comportamento por parte do CM não é um acontecimento tão raro quanto o noticiado. Com conhecimento de causa posso afirmar que, por mais que uma vez, e em situações bem mais sérias que a presente, o CM faltou à verdade (ou pelo menos não a revelou na totalidade). As minhas questões são muito simples, haverá necessidade de falsear fotografias c/ intuito de obter uma primeira página mais sencionalista? Haverá necessidade de noticiar de forma parcial sem investigar seriamente as histórias? Esta forma de trabalhar revela falta de ética, profissionalismo ou apenas apetência pelo sensacionalismo e lucro? Acho que, como orgão de informação que pretendem ser, como jornal que contribuí de forma significativa para a informação dos menos informados (e talvez menos atentos) se deveriam esforçar por garantir qualidade e contribuir de forma positiva para a evolução deste país.

Agradeço desde já a vossa atenção à minha modesta opinião da qual apenas vos dei conhecimento com o objectivo de melhorar a informação que diariamente é distribuida pelo país.


Com os meus melhores cumprimentos,
RA

(In)Consciência Social

Percorrem o mundo as mais belas e profundas mensagens em apresentações foto-literárias de qualidade discutível, quiçá criadas por quem realmente as sinta e siga, normalmente suportadas por textos cuja autoria é atríbuida a uma qualquer mente brilhante e famosa sobre a qual ninguém conhece o suficiente para poder avaliar da sua autenticidade, na esperança que venham a mudar a vida de algum dos muitos destinatários/remetentes, quais mentes modernas, personalidades sólidas e eticamente irrepreensíveis com elevados níveis de uma consciência social "prêt-à-porter" impessoal capaz de ser transmitida usando o simples forward de um email. Formando deste modo cadeias intermináveis que nos fazem passar pela caixa de correio electrónico centenas ou talvez milhares de mensagens, em formatos diversos e de conteúdos semelhantes.

Em tempos idos, a consciência social e a tranquilidade de espírito eram atingidas com uma visita ao confessionário da igreja mais próxima, uma espécie de lavagem automática dos problemas de consciência. Em troca de histórias de pecados e comportamentos menos aceitáveis aos olhos da sociedade, ao tempo altamente "catolizada", o Sr. Padre indicava a penitência que haveria de permitir a higienização da alma e garantir que as portas do paraíso se abririam sem contratempos em tempo devido (acredito que nem sempre a alma fosse a única coisa a higienizar ou a abrir, o que certamente garantia o ciclo de lavagens frequentes e a felicidade do prior).
Hoje em dia, com a evolução tecnológica, com a diminuição de tempo disponível para nós e, principalmente para os outros, as penitências e as nossas formas de contribuir para um mundo melhor tiveram que se adaptar. Surgiram então os peditórios nacionais, as campanhas solidárias do salvem o "Zé que tem pé chato", emails em cadeia que divulgam a cara de uma criança de 5 anos que desapareceu faz amanhã 32 anos, mais coisa menos coisa, e mais recentemente o "basta reenviar este email para salvar o mundo", "envie uma sms para o tal e coisa e faça uma doação de 50€ onde 1€ é para a instituição e 49 para encher os bolsos aos outros" ou ainda "veja o ppt, pense 10 segundos e pronto, já está".

Rídiculo?! Não... apenas sinais do tempo. Recebi ontem um powerpoint com belas imagens de cidades e com um texto de suposta autoria de Gabriel Garcia Marquez (conviniente, o sr. parece que está mal de saúde e com um pé na cova parece que escreveu uma carta de despedida em tom de aviso à navegação ou prefácio do livro branco do novo rumo a tomar). Imagino um qualquer marmelo executivo da nova vaga (que vão piorando de geração em geração) a receber este email...

"Se por um instante Deus se esquece-se de que sou uma marioneta de trapos e me presenteasse com mais um pedaço de vida, eu aproveitaria esse tempo o mais que pudesse."

- Realmente... somos umas marionetas... eu precisava era de tempo para andar no meu Z8. - liga para a secretária e diz em tom imperativo - Luísa, não vou estar disponível esta tarde. Tenho reunião no exterior e vai ser demorada. - Prossegue na sua leitura, qual penitência semanal...

"Possivelmente não diria tudo o que penso, mas definitivamente pensaria tudo o que digo."

- Exacto. Não convém nada dizer à Luísinha que aquela administrativa dos recursos homanos se mexe bem melhor que ela... mas lá que é verdade é. E tenho que pensar 2 ou 3 vezes para não lhes trocar os nomes.

"Daria valor às coisas, não por aquilo que valem, mas pelo que significam."

- Lá está. Pobre do materialista. O importante em ter um Z8 é que isso significa que o posso comprar. Tenho guito para isso e muito mais. O significado é que atraí as gajas.

"Dormiria pouco, sonharia mais, porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz."

- Dormir 4 horitas chega. E aqueles comprimidos que eu ando a tomar são muito bons... uma pessoa acorda logo com uma energia! Sou capaz de fazer 10 telefonemas até chegar ao emprego. Sonhar é que não é para mim. Eu não sonho, penso e compro. Já está.

"Andaria quando os demais se detivessem, acordaria quando os demais dormissem."

- Não sei quem é este Gabriel mas deve ser um tipo às direitas. O gajo sabe bem que o importante é apanhar a concorrência a dormir... Ser mais esperto que eles e quando acordam já a gente os lixou. Espero nunca ter que fazer negócios com este tipo... devo ter sorte, parece que já está a dar as últimas.

"Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, deitava-me ao sol, deixando a descoberto, não somente o meu corpo, como também a minha alma."

- Presenteou-me a mim com um pedaço de carne... belo naco aquela Luísinha... e eu não fui de modas. Ah pois é. Foi tudo a descoberto. Eheheheh... malandreco este Gabri.

"Aos homens, eu provaria quão equivocados estão ao pensar que deixam de se enamorar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se enamorar."

- É isto que eu digo faz tempo... dizem que sou um macho mulherengo. Eu sou é um jovem e apaixono-me com facilidade. Gosto dos outros o que posso fazer?!

"A um menino eu dar-lhe-ia asas, apenas lhe pediria que aprendesse a voar."

- Podes crer... olha o meu sobrinho! Cabrão do puto... é uma melga do caraças. No outro dia quase me apanhou quando estava a avaliar a nova lingerie da minha cunhada. Dizem que é parecido comigo mas eu só me meti com aquela cabra maluca depois dele nascer...

"Aos velhos ensinaria que a morte não chega com o fim da vida, mas sim com o esquecimento."

- Era bom era... já quase não me lembrava da minha tia-avó Felismina e ela continua fresca do alto dos seus 98 anos. O que me chateia à brava porque de vez em quando lá tenho que fazer o frete de ir aquela treta a que eles chamam lar com cheiro a urina, fezes e naftalina... dasse!

"Tantas coisas aprendi com Vós homens…. Aprendi que todo o mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa."

- Realmente! Olha quando cheguei a director?! O palhaço do Manuel Vilar de Sá e Pinto só por ter o 12º ano pensava que me chegava aos calcanhares. O que ele não estava à espera é que eu lhe tivesse preparado a cama quando tinha uma relação próxima com a administradora da área... idiota... agora todos os dias o ponho no sítio dele, lá em baixo, na cave.

"Aprendi que quando um recém nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, agarrou-o para sempre."

- Eu que o diga. Tenho que levar com o velho todos os dias a pedir-me ajuda a trabalhar com o telemóvel... mais valia não lhe ter agarrado o dedo.

"Aprendi que um homem só tem direito a olhar o outro de cima para baixo, quando está a ajudá-lo a levantar-se."

- É bem verdade. Noutra situação qualquer nem perco tempo a olhar para ninguém... a não ser que seja gaja... e boa... ahhhh... isso sim.

"São tantas as coisas que pude aprender com Vocês, mas agora, realmente de pouco me irão servir, porque quando me guardarem dentro dessa caixa, infelizmente estarei morrendo."

- Morrer?! Quanto a ti não sei... caguei... para mim ainda falta muito. E só tinhas mais a aprender que eu sou uma verdadeira enciclopédia do saber viver.

"Sempre diz o que sentes e faz o que pensas."

- E digo e faço. E o primeiro que me tentar impedir leva para contar. Que o diga o Manelinho... palerma.

"Supondo que hoje seria a última vez que te vou ver dormir, te abraçaria fortemente e rezaria ao Senhor para poder ser o guardião da tua alma."

- Tu?! Deves ser é rabichola! Abraçavas mas é o paneleirão que te deve ter pegado essa doença. O Sr. já é meu guardião... como pensas que cheguei onde cheguei?! O gajo é amigo do meu pai desde pequeno e quando eu acabei o 9º disse logo que eu havia de chegar longe e meteu-me na empresa. 3 anos depois já tinha 5 pessoas a meu mando... e 1 de joelhos debaixo da secretária! ahhh... cada vez que me lembro... aquela Francisca era uma bela maluca... ehehehh...

"Supondo que estes são os últimos minutos que te vejo, diria-te “Amo-te” e não assumiria, loucamente, que já o sabes."

- Pronto... a paneleiragem não pára... este Gabri é mesmo abichanado, não admira tar a marar, concerteza foram os amigos rabetas que o aviaram sem camisa numa daquelas festas de afogar a palhinha em toda e qualquer bilha. Vou mas é passar à frente não vá o gajo pedir-me a morada o telemóvel... ah... cá está...

"Demonstra aos teus amigos e seres queridos o quanto são importantes para ti."

- Ah... voltamos a concordar. - Telefonema para a secretária - Luísa?! Preciso da sua ajuda... entre e deixe o aviso de não incomodar. Tenho uma coisa importante para lhe dizer. - Luísa entra, fecha os estores da divisória de vidro e ao ajoelhar-se junto do executivo este lança a questão - A Luísinha sabe que eu gosto muito de si, não sabe?!...

"ENVIA ISTO A QUEM ENTENDAS. Se não o fazes hoje, amanhã também não o farás. E se o não fizeres… não importa…O momento de o enviar é este. Para ti com muito Carinho e amor. Espero e desejo que te agrade muito"

- Agrada pois... oh sim Luísinha... E envio já, que eu não me poupo a esforços por um mundo melhor. Já está... Send to All. Está giro, este tipo pensa quase tal e qual eu, tirando a parte da paneleiragem... a Luísinha é muito marota, que eficiente que está hoje... Bom... vamos lá despachar isto que tenho a reunião com os palhaços do sindicato para tratar de mandar o Manuel com os porcos. Já estou com o gajo pelos cabelos. Vá, vá Luísa... vá lá embora que eu já não estou com disposição. Estes assuntos deixam-me irritado. Amanhã a gente reúne mais tempo e mais a sério. Depois envie-me o CV daquele miúda que veio à entrevista e não ficou com o lugar. Preciso de falar com ela porque deixou cá um cartão (...grande maluca, não ficou com o emprego porque não se portou à altura... "ai num escritório não. E se entra alguém?!" Cabra!).

Quinta da Fonte

Está claro que realojamentos "à molhada" em bairros construídos à pressa, em forma de gueto, não são solução para os problemas sociais do país. Já era hora de ir percebendo que o problema não é a comunidade cigana, os negros das mais diversas proveniências, os imigrantes de leste ou os nacionais, sejam eles verdes, azuis ou amarelos o problema são a falta de educação, civísmo e cultura de bem estar social e de convivência.

Sendo eu um mãos largas vou aqui publicar a solução para todos os presentes (e futuros) problemas de conflitualidade social. Em alternativa a um TGV ou de um novo aeroporto, ambos com benefícios muito duvidosos, que tal criar um campo de socialização inter-racial onde seriam colocados todos os indivíduos que, independentemente da raça ou credo, se revelassem claramente anti-sociais e incapazes de cumprir as mínimas regras de convivência. Local?! Campo de tiro de Alcochete, há sítio mais indicado?! Fariamos a felicidade dos bandos de pistoleiros e arruaceiros que populam o nosso país deixando em tranquilidade todos os bons vizinhos que por certo existem entre ciganos, negros, brancos ou outros quaisquer que emprestam a este país uma palete de cores que o deveria tornar mais civilizado, mais tolerante, mais pluri-cultural, mais aberto à diferença e mais inteligente.

Pé de chinelo

Parece que chegou o calor, pelo menos mais do que na primavera, e com ele as roupas ligeiras, os ares condicionados e o meu maior pesadelo... os chinelos. É verdade, este país rendeu-se à nudez das extremidades dos membros inferiores, ao pé de chinelo, às chanatas minimalistas, o que torna num pesadelo qualquer viagem ao mundo exterior que eu faça. Para mais trabalho numa empresa daquelas ditas informais, cheias de criativos e artistas que, como se sabe, consideram indispensáveis todos os tipos de chanatas dos mais estranhos formatos que permitam expôr a delicadeza arrepiante de seus pés, unhas e relativos. O problema não está no uso da nudez de pé, o problema está no abuso, é que há gente que não tem o mínimo sentido da decência e depois somos obrigados a observar em pormenor os joanetes, calosidades e encravanços de unhas que orgulhosamente deixam à vista de todo e qualquer um.

Devia haver uma fiscalização suportada por uma lei que definisse mínimos de decência para a possibilidade de uso de pé descoberto. As pessoas que infrigissem a lei deveriam ser punidas com uma coima substâncial e com a obrigatoriedade de execução de um tratamento que permitisse aproximar os seus pés dos mínimos exigidos pela lei. Pelo bem estar daqueles que como eu colocam um bom par de pés ao nível de uns belos olhos...

Telhados do Chiado
















O romantismo, talvez em busca de uma inspiração perdida que se reencontra quando nos recostamos num qualquer sofá equilibrado num telhado de Lisboa... ou será simplesmente voyarismo instigado pela vizinha da frente?!

NOTA: Não é muito claro mas nesta foto é visível um sofá em cima do telhado com as costas encostadas à claraboia.

Call Centers

Certamente não serei o primeiro, nem o último, a ser importunado na sua privacidade por um contacto telefónico com origem num qualquer centro de chamadas (chamados de Call Centers, numa perspectiva de globalização) e efectuado em nome de uma qualquer empresa com o intuito de nos impingirem algum produto. Os mesmos centros (ou idênticos) garantem o atendimento às nossas queixas e geralmente funcionam de igual forma: um conjunto de funcionários "robotizados" e "programados" com um discuso rígido e limitado que não respondem a nenhuma da nossas mais elementares questões e que nos repetem vezes sem conta o objectivo do seu contacto ou, no caso de ser um centro de atendimento, a sua impossibilidade de resolver ou responder as nossas questões.
Com isto as empresas evitam centenas de queixas, confunsões e problemas criados pelos utilizadores insatisfeitos que, em tempos idos, se deslocavam às instalações da entidade em causa. Tudo em nome de um melhor atendimento e respeito pelo cliente. É só vantagens! Pois eu digo, a próxima vez que tiver um problema com alguma empresa que se lixe o Call Center, vou directo à sede e marco reunião com o presidente.
Atentem à minha conversinha de ontem com uma senhora que me ligou em nome da ZON (de notar que eu já tinha sido incomodado por diversas vezes por estes senhores e sempre indiquei a minha vontade de não voltar a ser contactado).

Após tentativas de contacto às 16h52, 17h50 e 18h50, final e infelizmente, às 20h10 lá conseguiram que eu atendesse o telemóvel.

ZON - Boa tarde.
EU - Boa tarde. (já temendo o pior e preparando o discurso)
ZON - Falo da ZON no sentido de lhe dar a conhecer o novo serviço digital Funtastic Life. (novo?! desde quando?!)
EU - Queira desculpar mas eu já fui contactado em diversas ocasiões e da última deixei bem claro que não queria voltar a ser contactado. Gostaria que me explicasse como é que me está a ligar.
ZON - Ah... nós temos aqui o seu telemóvel e por isso estamos a ligar.

(bom, bom era não terem e conseguirem ligar.)

EU - Mas com que autorização. Certamente se me estão a ligar devem ter uma autorização minha para tal.
ZON - O senhor tem o seu telemóvel na ZON e eles enviam para nós. Se não quiser ser contactado tem que retirar o telemóvel da ZON.

(brilhante argumentação... o que será que este ser entende por "retirar o telemóvel da ZON"?! Da ZON de perigo de receber uma chamada?! Seria ela açoreana?)

EU - Ouça... eu da última vez que me ligaram deixei bem claro que não autorizava outro contacto. Explique-me como é que voltam a contactar. Isto é ilegal percebe?!
ZON - Mas nós não temos culpa, foi a ZON que nos enviou a listagem e nós ligamos. (a bela da cassete!)
EU - Diga-me então quem são vocês? Certamente são uma empresa de telemarketing contratada pela ZON.
ZON - Nós somos a ZON.
EU - Mas acabou de me dizer que não são responsáveis pelos contactos porque quem é responsável é a ZON e agora diz-me que pertence à ZON?!
ZON - A ZON tem vários departamentos! (em tom de "deve ser parvo o senhor")

(não insisti, percebi que iria entrar nova cassete e tentei concluir a conversa)

EU - Não quero voltar a ser contactado.
ZON - Eu vou escrever aqui isso mas não garanto que para a semana não volte a ser contactado.
EU - Desculpe?! Vocês não me garantem que eu não volto a ser contactado quando eu explicitamente o exijo?
ZON - Eu já lhe disse que vou escrever aqui mas os contactos vêm da ZON...
EU - Então ligue-me ao seu superior se faz favor.
ZON - Não tenho.
EU - Não tem?! Não me diga que estou a falar com o director ou com o presidente?!
ZON - Não mas não tenho aqui ninguém superior a mim.
EU - Não há hierarquia aí portanto... (gostava de ter um trabalho assim, sem chefe)

O telefonema terminou pouco depois, pedi um número de contacto que pudesse utilizar para me queixar e recebi o número da assistência técnica da ZON. Por acaso parece que serviu e espero não voltar a receber telefonemas destes senhores... até porque contratei os serviços da AR Telecom e vou livrar-me de vez da PT e suas descendentes. Espero que seja pelo melhor.

Vistas...

Sabiam melhor se não fossem do trabalho...




















- Lembras-te da Maddie?!

- Quem!? Maddie? Madalena? Maluquinha? Nah... não tou a ver.
- A dos McCann... não estás a ver quem é?
- Não.
- A que desapareceu no Algarve (ou como se diz agora Allgarve) sem deixar rasto.
- Ahhhh... Essa... isso é história. Novelas. A miúda não desapareceu nada.

- Desapareceu sim, nunca mais ninguém a viu. O caso vai ser arquivado pela PJ. Falta de provas.
- Claro. Isso dizia desde sempre. A miúda nem existe. Aquilo foi tudo arranjado para o casal McCann prolongar as férias e arranjar uns trocos extra.
- 'Tás doido! Foi lá agora... a miúda foi raptada, violada e assassinada umas 10 vezes por aquele russo, amigo da família. Não há é provas.
- Russo?! Qual russo?! Isso não foi do caso da outra?
- Qual outra?!
- A Joana... aquela que apanhou a mãe às cambalhotas com o tio...
- Nahhh... o tio dessa não era russo... era talhante. E tinha jeito... picou a miúda tão bem que ela nunca apareceu.
- Mas aí a mãe e o tio foram presos.
- Pois, claro.
- Mas havia provas?!
- Dizem que sim... havia qualquer coisa de eles serem portugueses.
- Ahhh... então é muito bem feita.
- Pois é... Coitadinhos dos McCann... vêm descansar e vivem um pesadelo. Ainda por cima os acusam de serem culpados!
- Culpados de quê?
- De terem morto a filha, a Maddie.
- Qual filha?! Maddie?! Madalena?! Maluquinha?! Isso são histórias...

E cá vamos andando...

...sem melhoras. O país mergulhado na euforia apática do Euro e a crise económico-social cada vez a alastrar mais e mais. No que me toca preocupa-me bastante mais a crise. Não é que não me vá sentar logo em frente à televisão a torcer por Portugal, não é que não me deixe envolver pelo espírito idioto-patriota que transborda de cada português (bom... bandeirinhas na janela e no carro não ponho) mas preocupa-me muito mais não saber o que fazer para mudar alguma coisa.

O povo tem a força, é bem verdade, quando se unem esforços não há impossíveis e é certo que se todos os prejudicados pela subida do preço dos combustíveis se limitassem a não consumir nem uma gota de combustível não tardaria mais que 2 ou 3 dias para que alguma coisa fosse feita. Se todos decidissemos um dia andar de transportes públicos, por certo a rede mostraria as suas insuficiências e o país sentiria o porquê de tanta gente não dispensar o transporte privado. Se todos decidissemos não trabalhar mais que 8 horas, não receber menos do que é justo, não pactuar com reformas milionárias obtidas em poucos anos, certamente tudo seria diferente. A prova está no protesto dos camionistas, que pecou porque visava servir apenas as necessidades das empresas de transportes. Fosse um protesto sério, pelo benefício da sociedade, e eu não me importava de me privar de alguns produtos para apoiar o protesto.

Mas quem é o povo que se une?! É aquele que é capaz de matar por um riacho de água?! Aqueles que aceitam menos 10 para trabalharem mais 20 só para poder subir nas costas do colega? Aquele que conhece não sei quem não sei onde que lhe arranja uma vaga para o filho onde não há vagas para ninguém? Ou aquele que ordena os processos na mesa do chefe de maneira a que o processo do amigo ande mais depressa? Pois é... o mal está no povo mesmo, é nesta hipocrisia absurda em que vivemos, apontando o dedo a quem não faz senão aquilo que gostariamos de ser nós a fazer... pelo simples facto de prejudicar os nossos e favorecer os outros.

Por isso a alternância funciona em Portugal, um dia comes tu, outro dia como eu, e com o tempo o ritmo estabiliza e o barco segue, meio afundado, mas balançando, de forma a que quem se afunda nem sempre está do mesmo lado. Mas o ritmo não estabilizou e cada vez está mais complicado baloiçar o barco e garantir que alguém não se afunda.

Para quem como eu, tenta encontrar emprego por mérito próprio, tenta arranjar o seu lugar sem pedidos ou ajudas, tenta, dia a dia, fazer a sua vida e orientar o seu rumo sem entrar em jogos de pedidos, conhecimentos ou pagamentos, é triste perceber que cada vez mais o lado que se afunda é o nosso, e o lado que fica ao sol é o deles.

Longa ausência

Longa ausência esta a que hoje ponho termo. Falta de inspiração... que continua... só vim dizer que ainda sobrevivo mesmo com todos os aumentos dos combustíveis e juros bancários. Mas esqueçam lá isso das desgraças, viva mas é a selecção nacional que mesmo que não ganhe o euro tem por certo a melhor equipa sexual do planeta, o "nosso" CR e sua conta bancária.

P.S. Se alguém me dispensar uma latinha de inspiração... agradecia.

Sinaléctica


Atente-se à arte, engenho e exercício de lógica necessários para criar o sinal de trânsito da fotografia. "É proibido!" - toda a gente percebe, mas o quê? - "O estacionamento!" - Ora pois claro, tá na cara. Mas todo e qualquer veículo?! Claro que não! - "Apenas aqueles com peso igual ou superior a 3.5.T" - Mas qual a razão do ponto a seguir ao 5?! - "Não questionem o apontamento artístico. A arte não se discute e esse é certamente um apontamento artístico que procura o equílibrio pertinente quando se fala de peso." - A obra é inspiradora. Imagine-se a simplificação da sinaléctica de trânsito numa lógica de fusão! Traria vantagens significativas não só em termos de sinistralidade como em termos económicos e culturais. As gentes da pequena aldeia das beiras onde foi obtida esta fotografia já são, por certo, intelectualmente mais exercitadas, pelas horas, talvez dias, a fio que passaram a tentar perceber o sinal.
Imaginem um conjunto de sinais base, perigo, proibição, obrigação e informação. Poupa-se já um tipo de sinal, os de cedência de passagem que podem ser conseguidos com uma combinação de um sinal de proibição e um sinal de perigo, em tom de "É proibido não parar devido ao perigo de lhe passar uma locomotiva por cima.". Pela combinação lógica dos 4 sinais base com apontamentos de texto e imagens (que já se usam actualmente) permite uma variedade de sinais e informações quase ilimitada.

Na realidade isto merecia um estudo profundo, a simplificação da sinalética num país minado de analfabetos e limitados certamente traria vantagens múltiplas. Por outro lado, como já referi, acredito que o exercício de lógica a que somos obrigados para a compreensão da sinaléctica fará dos portugueses o povo mais racional do mundo... quiçá da Europa, como dizia o outro (e o que nós gostamos de ser os mais da europa e do mundo, neste caso pelo menos era realmente positivo). Imaginem o sinal para a proibição de depósito de detritos e dejectos numa ravina por perigo de contaminação e desmoronamento da mesma...

Direito à resposta...

Não deveria existir sempre? Mas... e quando se "fala" sem falar? e quando pensamos que é para nós mas não temos a certeza? e quando, simplesmente porque queremos respeitar, sabemos que não devemos responder?

Nem sempre há lugar à resposta... ou será que o silêncio é, por si só, a resposta? Mesmo abrindo lugar a todas as interpretações, por vezes, o que se pensa ou se sente em relação a algo interessa apenas ao próprio. E nesta conchinha me fecho...

Por ti

E é no teu sorriso que encontro força.
E é nos teus olhos que tenho paz.
E é por existires que sigo à procura.

E é por ti que quero encontrar.
Já não estaria se tu não estivesses.

Já não seria se tu não fosses.
Já não procuraria se não me abraçasses.
Já não existiria se tu não existisses.

Outros carnavais

Num perdido carnaval dos anos 80 quis ser o Topo Gigio, lembram-se?! Para tal precisava de uma máscara e vi a máscara perfeita. Ficaria igualzinho ao rato mais famoso do momento mas... Nem tudo são rosas... os pais tiranos (pensei eu à altura) não quiseram fazer de mim o Topo Gigio mais perfeito, talvez por ser necessário comprar um objecto supérfluo demasiado caro, talvez por outro motivo qualquer. O certo é que amuei, fiz birra, chorei e o meu pai lá teve que se dedicar aos trabalhos manuais criando em poucos minutos um Topo Gigio de cartolina verde, pintado a lápis e com o nariz bicudo (feito de uma pirâmide cilíndrica de cartolina). É certo que há altura a máscara estava longe do que eu queria (nariz bicudo que mais parece o pinóquino, ora!), mas tenho pena de não ter uma foto do resultado final... ou será que tenho?!

Bom... hoje, passados alguns anos, a minha filha foi para a escolinha vestida de Minie (outra personagem bem famosa da família dos roedores), vestido comprado na loja, certamente bem mais caro do que a máscara do Topo Gigio mas não menos supérfluo, mas as orelhinhas... as orelinhas foi o pai que as fez! E cartolina verde, forradas com papel autoadesivo de veludo preto será que se torna tradição?! São outros carnavais...


Fica o link para recordar o Topo Gigio:
http://www.youtube.com/watch?v=lSF7vyf1oh4

Velho eu?!

Sabemos que estamos a envelhecer quando olhando para um automóvel topo de gama deixamos de pensar "um dia vou ter um destes" para passar a pensar "nunca terei um destes".

Oh Robbie põe os olhos nisto!

Trago-vos então 2 verdadeiros artistas... daqueles com A grande... e L muito maior, L de lata, a enorme lata que se tem que ter para fazer estas figuras! Sem mais demoras, sem mais rodeios, atentos às performances do português Luís Manuel (ao vivo e sem rede) e do Brasileiro Ednaldo (vídeo com forte impacto social). Nota muito positiva para os dois. Estou mesmo a tratar da criação de um clube de fãs do Luís (o Ednaldo que me desculpe mas não há capacidade para gerir 2 clubes).

Luís, o entertainer puro e duro, o verdadeiro artista!




Ednaldo o artista de intervenção contemporâneo. O artista de linguagem internacional.

Descubram(-me)!

Ei-lo... o post que condiz com o estado geral das coisas.

Pensei nisto hoje durante a manhã, enquanto circulava pelo trânsito da cidade com banda sonora adequada... sim, descobri que o rebuliço matinal da urbe toma outro sentido ao som de Rodrigo Leão (banda sonora de "Portugal, um retrato social", e não é por acaso, o homem tem jeito!).

E será que já alguém teria pensado nisto?! Não na banda sonora, não! Em escrever um post à cor do momento? Daqui para a frente vou tentar introduzir um código de cores neste blog, o preto, este, lá está para momentos menos felizes, para quando nada corre definitivamente mal mas tudo parece para lá caminhar.
O verde, bom... o verde para quando o Sporting voltar a jogar à bola. O vermelho, de raiva, não vou usar. O branco, da neutralidade de um comentário ou das banalidades mais banais (redundante este sr!). O azul do humor, mesmo que fraquinho. Dar cor ao blog, à escrita, mesmo que fraquinha. Com esta conversa este post passou de condizente com estado das coisas para um post informativo, devia era estar a amarelo.

Mas depois deste desvio, relevante para a compreensão do futuro deste blog, volto a centrar-me na questão inicial, negro, o estado das coisas, porquê?
Talvez nem interesse a ninguém sem ser a mim mesmo, e se interessar que perguntem, e se eu achar que devo digo, mas basta olhar para o lado, deixar, por segundos que seja, o nosso umbigo na privacidade que há muito não tem, procurar sentir o que os outros sentem, encontrar um sentido, viver sem ser perdido, encontrar objectivos, fazer balanços, para perceber porque está negro o momento. Não tem que ser visto como mau, é apenas assim, há momentos assim e já pensaram que ninguém pergunta ao palhaço se está contente ou triste? Eu sei que alguém já pensou, eu sei que já repeti várias vezes esta frase, mas é a mais pura das verdades e o momento do palhaço, por vezes, condiz com este post.

E quando o mundo se esvazia?

Francisco era um homem quase feliz. Finalmente ultrapassada a dor, guardando a saudade seguia tendo como centro do seu mundo Maria, sua filha. Maria era mais do que o centro do seu mundo, era o seu mundo mesmo.

Quando, pela primeira vez, Francisco aconchegou a sua filha em seus braços, as suas lágrimas desceram sobre a pequena recém-nascida e Francisco vivia a confusão de sentimentos de quem diz olá a uma nova vida e se despede de outra... a sua mulher partiu ao dar à luz Maria e os dois ficaram sós, os dois formaram naquele momento um novo mundo.

Todos os dias Francisco acordava, tomava banho e vestia-se, preparava o pequeno-almoço e depois acordava Maria. Ajudava-a a aprontar-se para mais um dia de escola, tomavam o pequeno-almoço juntos e depois seguiam de mão dada até à escola.

Naquele dia não foi diferente dos outros, ao chegar à porta da escola despediram-se, Maria abraçou Francisco e depois de um beijinho na face dizia "Até logo papá. Gosto muito de ti." e Francisco sorria, respondendo "Até logo Maria. Porta-te bem. O papá também gosta muito de ti.".

Naquele dia não foi diferente, Maria corria a escola até chegar à cantina onde, todas as manhãs, ia dar os bons dias a Luísa, auxiliar que fazia serviço na cantina da escola, Francisco seguia a pé para o trabalho. Poucos metros tinha caminhado quando uma forte explosão se sentiu e Francisco foi empurrado para o chão levantando-se de seguida e correndo para a escola.

Naquele dia houve uma fuga de gás na cantina... Francisco saíu, com Maria nos braços e lágrimas no rosto.

Naquele dia o mundo de Francisco esvaziou.

Feliz continuação...

Ora, cá estamos de volta. Novo ano... segue a banda.
Ausente eu?! Sim... já deviam estar habituados à minha instabilidade literária. Tenho consciência que não abordei os temas mais expectáveis de serem abordados, não fiz balanços do ano de 2007, não fiz previsões para 2008 e porquê?! Porque é idiota! É perfeitamente inútil fazer previsões a 31 de Dezembro quando a única coisa que muda é o ano.

Era mais eficiente fazer balanços mesmo antes das férias de verão e fazer previsões depois das férias de verão. A pessoa está mais positiva, menos nostálgica, o que levaria a resultados bem mais interessantes. Possivelmente os preços não subiam, os fumadores deixavam de fumar, os calões universitários acabariam seus cursos, etc...

Mas não... tem que ser numa época de frio, dias curtos e tristonhos, nostalgia a rodos e de um dia para o outro, sem que nada de especial aconteça, toma lá mais 5% no pão, porque a gasolina já aumentou 10%, e os transportes 4% e o IVA dos ginásios baixa para 5% mas os gajos querem ganhar mais ainda!
E o que é que o pão tem que ver com o ginásio?! Vão lá vocês amassar o pão e vejam se não precisam de exercitar esses bracinhos... tem tudo a ver! Se a nossa mais famosa padeira, Brites de Almeida, não tivesse divido a vida entre o domínio da arte de amassar o pão e o ginásio, à época o Aljubarrota's Place, estavamos todos hablando castelhano o que, pela maneira como ouvimos os jornalistas nacionais pronunciar D. Juan Carlos como D. Ruan Carlos, seria um pesadelo.

Assim somos "tugas", os preços aumentam exponenciamente todos os 1ºs de Janeiro, somos "assaltados" por todos os prestadores de serviços e produtos mas não temos que ouvir más pronúncias castelhanas... já ficamos felizes que nos digam, no que chamo português contemporâneo, "tipo... a cena foi bué da má... porque não avisaste-me que ias deixar de escrever no blog?!"
Boa continuação de vida para todos vós.