Força da razão

Na memória fixas o momento, entre os braços sentes o conforto de quem não exige, danças ao luar com a liberdade de quem apenas sente, soltas a sinceridade porque nada há a esconder, custa partir porque desejas ficar... esses momentos viverão para sempre em ti, bem junto de quem insistes em esconder para que a razão tenha razão.
É assim que funciona... são assim as regras...

Partir

Não se despeçam, não chorem, não sofram.
Despedir é não ter esperança de voltar a encontrar. Chorar é homenagear o sofrimento e esquecer a alegria que alguma vez tivemos. Sofrer é um acto de egoísmo.
Deixem partir e aplaudam, sorriam, lágrimas só de emoção pelo que de positivo vos trouxe. Nas cinzas indefinidas de ser e madeira partem o bom e o mau, celebrem o primeiro e humilhem o segundo.
Quem sabe o que virá depois... acredito que é a presença eterna no sorriso, no gesto de bondade, no carinho e no amor, viverá então como sempre quis ter vivido.

Passo a passo

O longo caminho que nos leva a lado nenhum é lento e nem sempre fácil, procuramos chegar sem perceber que o importante é olhar em volta e beber cada momento, cada pormenor, porque ao chegar tudo termina.
Um passo já está, inseguro e incerto, a inércia dá lugar à esperança e o medo de falhar não nos pode controlar. Falhar já não é opção.

Dilemas e paradigmas

Acordar no sonho e não querer despertar na realidade.
Sentir que se pertence sem que alguma vez se tenha pertencido.
Procurar as justificações que não existem numa idade distante dos porquês.
Acreditar que talvez, sabendo que provavelmente nunca.
Saber que sim e não perceber porque não.

Amo-te!

Quando te vi pela primeira vez ao vivo, no dia 15 de Agosto de 2006 pertinho das 23h, o cansaço de um dia de espera ofuscou a luz que se acendeu em mim. Naquele instante a minha vida mudou definitivamente e este dia só é meu porque tu existes e fizeste de mim pai.
De mansinho, ser indefeso de força tamanha, tornaste-te fonte de vida, cascata de alegria e arco-iris de felicidade. Os meus sorrisos, as minhas lágrimas, a minha vida existem por ti.
Toda a tristeza se dissolve com um sorriso lindo e mesmo que os problemas não se evaporem o paraíso é sempre realidade num abraço teu.

És o meu maior tesouro e ver-te crescer é o espectáculo mais bonito do universo.
Procuro todos os dias, penso a toda a hora no que fazer para que o teu mundo melhore a cada passo, não é simples, por vezes não consigo.
Peço-te desculpa por nem sempre estar presente, por nem sempre poder ser o que esperas de mim. Estou certo que és e serás sempre melhor filha do que eu pai mas quero que saibas, acima de tudo, que te amo mais do que tudo na vida.

Obrigado minha pitufa!





 

Novo aspecto

Obrigado aos senhores do Google pela ferramenta que permite fazer do meu blog um sítio único, tão único como apenas mais 12756 blogs que utilizem o mesmo template. Coloquei como fundo uma foto minha só para disfarçar...
Já faz algum tempo que estava a pensar mudar o grafismo do blog mas não era esta a minha ideia. Estes senhores acabaram de adiar o meu plano por mais uns meses, anos talvez. Raios!

Que me falta fazer?


Já plantei a árvore (mais que uma até), já tive uma filha, falta-me o livro para cumprir o meu papel na sociedade... ao que se diz por aí ou por aqui.


Curiosa a regra de equilíbrio implícita nesta sentença, plantamos a árvore para compensar a que terá de morrer para servir de suporte ao livro. Com os suportes digitais estragámos o equilíbrio, escrever um livro já não obriga ao consumo de árvores, fazer um filho nunca obrigou e deixámos de plantar árvores esquecendo que elas são precisas para o filho poder respirar. A memória é curta.

Podia divagar pelo tema, optando por este ponto de vista ecológico, mas o que me preocupa é a minha incapacidade latente em escrever um livro. Mais ainda o ter de recorrer a estes temas pouco interessantes para escrever posts! Mas...
Pesquisei um pouco (muito pouco mesmo) pela origem da frase e descobri que foi proferida por José Martí, poeta cubano cujo nome nada disse à minha ignorância a não ser quando li que foi o autor de "Versos Sencilhos", que continuava a nada me dizer até descobrir que posteriormente foram adaptados na famosa música cubana "Guantanamera".
Com isto apenas enriqueci a minha cultura geral (eventualmente a vossa) e falhei em todos os outros objectivos, principalmente no de escrever um texto com pés e cabeça que permitisse distraír, ainda que temporariamente, os leitores deste meu aterro de ideias.

Também na minha curta pesquisa descobri que muito pseudo-escritor, por este mundo fora, se dedicou ou dedica a explorar os encantos desta citação, mais ou menos profundos, a atirar mais para o ecológico ou mais para o literário. Muitos são aqueles que encontram nesta frase, ou pelo menos procuram encontrar, uma filosofia de vida... como se apenas da ecologia, da paternidade e da cultura literária dependesse a nossa felicidade. Não depende, duvido que o próprio autor tivesse tido a intenção de lhe dar esse cariz, e digo isto, convictamente, com a certeza de quem tem noção de toda a sua falta de conhecimento e cultura.

Por isso o livro pode bem esperar que surjam a inspiração, a arte e o engenho porque tenho mais que fazer.


Realidade


Habituas-te apenas a desejar, a sentir imaginando que alcanças a mais brilhante das estrelas, a sonhar acordado na esperança de um dia acordar no sonho, tocas ao de leve a realidade e concentras-te no querer sem acreditar no poder, em silêncio questionas procurando respostas que podem nunca chegar... podes subir bem alto, adormecer sob um céu estrelado, sentir que alcançaste mas terás inevitavelmente de acordar porque a realidade não depende só de ti.

Enquanto tu dormias...


Pela segunda noite consecutiva a cidade adormece e nós, quais cruzados do bom serviço ao cliente, oferecemos o que resta da nossa energia e capacidades numa batalha pela satisfação de terceiros. Espero ansiosamente as palavras de agradecimento que nunca serão ditas e a palmadinha nas costas recheada de hipocrisia e fingimento. É cada vez mais difícil encontrar realização onde não encontro nem lógica nem recompensa.

Hoje, enquanto tu dormias, eu morri um pouco mais e senti que nada faz sentido se corro o risco de um dia não conseguir ver-te acordar.

Não dá mais

Estou a ficar velho. Tempos houve em que passar uma noite em claro era como comer um travesseirinho de sintra, sem custo e com muito prazer. Hoje não dá mais, desisto às 5h. É certo que só faltam 2 horitas para tomar um banhinho e ser oficialmente declarada a directa mas não dá mais, preciso dessas horitas de sono.
Nem mesmo Morrissey, Mayra ou Freddy Mercury me conseguem segurar, a banda sonora já não faz efeito... nem vou tentar Iron Maiden! Se ao menos fosse para admirar estrelas mas é para trabalhar e devo confessar que já não tenho paciência para este projecto (pergunto-me se tenho paciência para alguma coisa mesmo!).
Com reunião de apresentação de progressos marcada para as 15h, é possível que eu me dedique a não fazer "a ponta de um corno" (termo técnico) durante a toda a manhã, que dedique o período de almoço à maior das preguiças (caso não surja melhor programa) e que à hora de reunir esteja com uma pedrada de sono que nem me dê conta da ira do cliente. Tudo bem desde que não grite porque isso é do pior para quem tenta dormir.

Caro amigo, eu tentei, já não tenho a energia de outrora mesmo assim, tentei. Procurei com todas as minhas forças concentrar-me e avançar o mais possível mas quando os passarinhos começaram a cantar, ecoaram-me na memória as sábias palavras do meu falecido avô materno. Chegava eu e "mê" primo (um dos primos) a casa depois de mais uma longa noite de desgraça e perdição na "Santa Terrinha" e ao "esbarrar" comigo à porta de casa, meu avô soltou, em tom grave e acusador, a dura afirmação - "A estas horas só chegam a casa os bardinos!" (de notar que entrar em casa fintando todo e qualquer encontro com vivalma se tornou num desporto cheio de adrenalina, especialmente porque, não raras vezes, a casa já não parava quieta).
Ora... desde então tenho tentado alterar a minha categoria de bardino para qualquer coisa mais digna, é por esse motivo que me vou deitar antes de serem 7h... hora limite que me diferencia do bardino que em tempos fui.
Se ao menos tivesse sido apelidado de valdevino, doidivanas ou mesmo pantomimeiro, expressões bem mais eruditas, não teria por certo ficado tão traumatizado.

Nota 1: Para quem não faz ideia do que seja um bardino aconselho uma visita ao priberam.pt ou outro qualquer dicionário de língua portuguesa.

Nota 2: Com esta brincadeira já passou mais meia hora... bolas... tou a meio caminho entre o decente e o bardino! Quem nasce torto...


Em pausa...

Já alguma vez ficaram parados no tempo? Num segundo? Num instante? Num som? Num verso?
"Hoje o dia amanheceu tão triste..."

Mayra Andrade


Concerto de 27 de Fevereiro de 2010 no Olga Cadaval. Na introdução à música "Konsiensa" Mayra usou a expressão "indiferença confortável" em que vive... em que vivemos muitos de nós. Por certo a nossa indiferença torna o mundo de outros inconfortável.

Fica uma música do último albúm que, talvez por ser a única em português, me ficou no ouvido.



E será que nós sabemos?