O meu grande amor

E amanhã volta-se a sentir o aroma de dia de jogo, o rodopio de bandeiras e cachecóis por entre as rolouttes de bifanas e imperiais, os cânticos de estádio que nos emocionam, os fumos verdes que cobrem as bancadas e os golos que nos fazem vibrar e gritar naquele que é o meu spa de eleição, a minha terapia semanal, o momento só meu, que me faz esquecer os altos e baixos dos dias.

Já tinha saudades de umas horitas de cabeça vazia e olhos no relvado. Sporting até morrer!

Arrependimento ou ensinamento?

Perante uma pequena sucessão de acontecimentos surgem-me algumas questões.
É bem verdade que os "reveses" da vida não são mais que ensinamentos que nos fazem crescer mas também nos fazem olhar para trás com outros olhos e mudar a percepção que tivémos dos mais variados episódios.

Já anteriormente me debrucei sobre o tema do arrependimento, não vou repetir a dissertação, mas relembro que para mim não é mais do que o sentimento de revolta provocado pela desilusão, pelo engano.
Até hoje, não foram muitas as pessoas que me desiludiram, talvez porque não foram muitas aquelas que me iludiram. Felizmente, digo eu. Por consequência de definição, também não foram muitos os arrependimentos.
Mas, à forte luz de acontecimentos recentes, e num processo de relativização de cenários, vejo-me a olhar para trás e a pensar se certos episódios e personagens que considerei até hoje terem-me desiludido não foram mesmo apenas ensinamentos que eu interpretei de forma errada.

Talvez seja tarde para reatar relações, reformular atitudes ou esclarecer essas dúvidas, mas por certo não é tarde para crescer um pouco mais.

O que me irrita mesmo

É aquele de seu apelido Salgado ter como primeiro nome Ricardo.
Devia ter como medida de coacção a impossibilidade de utilização do primeiro nome e caso venha a ser condenado a aplicação de uma pena que ditasse a mudança de nome, retirando o Ricardo e colocando, por exemplo, Bernard... Para manter a coerência internacional.

Provações

Ao longo da vida todos temos as nossas provações, os nossos momentos de afirmação, de teste de capacidades.
Cada dia apresenta-nos desafios, mais ou menos complicados, barreiras a transpor para que possamos crescer e avançar até alcançar os nossos objectivos.

Cada uma das provas não é decisiva por si só mas em conjunto levam-nos não só a construir-nos a nós próprios como também à criação do nosso pequeno mundo.

Estaremos sempre em provação e é importante não virar a cara aos desafios. Hoje espero crescer um pouco mais e quem sabe conquistar em vez de perder, mudando assim o rumo dos acontecimentos.

Pamplona e a nobre arte de ser sodomizado por um animal de 600 kilos

Nota prévia: Como em muitas outras coisas tenho uma opinião muito própria sobre a chamada "festa" brava. Em criança habituei-me a ver corridas de touros espanholas e confesso que, à altura, admirava bastante o "espetáculo". Cheguei mesmo a sonhar vir a ser toureiro, matador de touros. Oh meu São José de Alvalade... aqui me penitencio. Com o tempo abri os olhos e percebi que não era boa política meter-me com tipos com os cornos maiores que os meus. Por outro lado percebi que não existe qualquer festa ou espetáculo em algo que tem por base a tortura gratuita de seres vivos (se fosse tortura devidamente remunerada e de acordo com a vontade dos animais nada se poderia condenar).

No entanto, e tendo raízes profundas numa aldeia com uma forte tradição taurina, que não as tradicionais corridas à portuguesa. Tenho alguma compreensão por alguns tipos de tradições que envolvem touros.
No caso sou compreensivo e em certos casos apreciador de tudo o que sejam garraiadas (um pouco por todo o país), encerros e capeias arraianas (aldeias raianas do concelho do sabugal) e encierros (um pouco por toda a Espanha) que não envolvam necessariamente o sangramento e o desrespeito pelos animais.
Sim, é verdade que o animal é sujeito a uma alteração nervosa violenta. Sim, não estão lá de vontade própria. Mas o confronto é mais leal, mais justo e no limite é uma prova de resistência e aprumo físico como muitas outras que conhecemos, quer para o animal quer para as pessoas.

Conclusão da nota prévia: Aprecio o passeio dos animais bravos, de preferência acompanhando-os de perto e a pé. Tudo o que ultrapasse o limite do respeito pelo animal e o que implique o sofrimento físico dos animais não consigo concordar.

Posto isto, os famosos encierros de Pamplona enquadram-se no limite do aceitável.
No entanto, deveriam preparar as ruas por onde passam os animais com terra (saibro), ao jeito do que se faz por terras portuguesas, dado que os animais estão mais sujeitos a lesões e danos físicos ao passarem por ruas calcetadas e/ou asfaltadas. Também procuro ignorar o destino dos animais que participam nos encierros, na parte da "festa" que podia, e devia ser evitada, mas enfim.

Vi, como faço quase sempre, os vídeos das festividades deste ano. E quanto mais vejo, mais tenho a certeza que os animais, bravos e plenos de força e coragem para atacar tudo o que possa significar perigo, não o fazem simplesmente porque percebem que percorrem as ruas com maior densidade de loucos do mundo.
As ruas são totalmente ocupadas por locais e estrangeiros que certamente não têm, na maior parte das vezes, qualquer noção do perigo a que estão sujeitos.
Os animais só não fazem mais vítimas porque efectivamente devem ficar abismados com a fartura. Imagino que seja quase tão difícil ser "corneado" por um touro em Pamplona como é ganhar "El Gordo". A maior parte das vítimas parece-me que não o são, as próprias pessoas "atacam" os animais, estes sim as verdadeiras vítimas, investindo contra as astes afiadas de Miuras e exemplares de outras ganadarias com semelhante arcaboiço.

Ao longo do percurso, que durará em média 2 a 3 minutos, sendo que já chegou a ultrapassar os 10 minutos, existem inúmeros indivíduos que acompanham os touros ao lado, de braço sobre o dorso como se de grandes amigos se tratassem, talvez por solidariedade pela condição de cornudo (muitos dirão - "como te compreendo, a minha mulher também é uma grande vaca!"). Muitos outros atravessam-se na frente dos animais e seguem por alguns metros com a aste do touro apontada ao traseiro no risco iminente de ser possuídos da maneira mais violenta que alguma vez foram (por muito gays que sejam, não creio que a experiência fosse compensadora).

É uma atêntica auto-estrada de loucos suícidas e não posso deixar de compreender o comportamento dos touros. Se eu estivesse no lugar deles também procuraria a todo o custo fugir dali pensando "Dasse... que é esta merda?! Só doidos!! Joga o benfica ou tive muito azar?!"


Festivais de Verão

Um dia destes estive uns bons dez minutos a ver anúncios consecutivos de festivais de verão.
Não. Não estive a pesquisar no youtube ou coisa assim, o programa que estava a ver na tv é que foi interrompido para me oferecerem umas vinte propostas tentadoras de eventos do estilo "feira do pó e da sujidade no meio de bandos e bandos de adolescentes descontrolados com cheiro a erva, cerveja e latex".

Alguém me explica este fenómeno?
A questão não é o conceito em si, a questão é mesmo a quantidade absurda de eventos que se auto-denominam festivais. No meu tempo, correndo o risco de vos fazer sentir que acabaram de entrar num anúncio do Continente, Festival havia um, máximo dois, o da Eurovisão e o da Sardinha em Portimão.
Agora os campos de férias de outrora foram substituídos por festivais.

Se antes procurávamos regressar às aulas com o melhor bronze e a mochila mais bacana hoje em dia as crianças competem pelo maior número de pulseiras de acesso aos ditos festivais.
A medida do sucesso toma uma nova forma e acredito haver jovens que mantêm as ditas pulseiras até Natal fazendo questão de usar t-shirts, mesmo debaixo de temporais de neve, que permitam maior visibilidade das mesmas.

Passei há pouco junto do recinto do Optimus ou Nos Alive, duas da tarde, no dia mais quente deste ano, pelo menos assim parece, centenas de adolescentes amontoavam-se junto das grades que tapavam o acesso ao recinto de alcatrão e cimento, sem sombras, sem relvados extensos, sem um único elemento natural que possa tornar o espaço agradável.
À vista apenas um amontoado de tendas tamanho XXL, construções temporárias e wc's portáteis que em breve meterão nojo ao mais imundo dos seres.
Mas que loucura é esta?

Ir acampar para Vilar de Mouros, no meio da natureza, dar uns mergulhos no rio e aproveitar para ouvir umas bandas eu ainda percebo. Ir ali à marginal apanhar uma insolação para estar sentado no cimento a ouvir umas bandas, por muito boas que sejam, tocar é que já me ultrapassa.

Mas o cúmulo é mesmo a quantidade e a abrangência da designação festival. Este ano até um festival de fado irá acontecer em Guimarães e, para meu espanto, serão dois dias com um fadista por noite, num total de, exactamente, dois fadistas. Festival?! Meus amigos... mais festival são as festas da aldeia dos meus avós. Quatro a cinco dias de festa, com pelo menos o mesmo número de artistas, actividades diversas, barraquinhas de cerveja e bebida, churrascadas, onde também se pode comer pó. Isso sim é um festival.

P.S. Para os interessados, de 22 (ou 23 ainda não sei) a 26 de Agosto, Aldeia Velha, Sabugal, Guarda.
 

As azinheiras da Lapa...

...ao que parece dão laranjas.

P.S. Desculpa PC mas não pude conter a minha inspiração. ;)

Pouco importa

O que pensas fazer e não fazes, seja com que justificação for, não fica registado. Aquilo que marca é o que se faz. De intenções não reza a história, de intenções não é feita a tua vida.
Por isso pouco importa se pensaste em fazer, se tinhas intenção de dizer, se a vontade era abraçar, se o desejo era beijar quando nada disso fizeste acontecer.
Pouco importa se querias ficar, se podias dar mais, se sonhavas subir mais alto quando nada fizeste por alcançar.
Por isso, faz acontecer, marca a história com um abraço, um beijo, um grito bem forte que afirme a mudança, mostra-te, revela-te, luta, diz quem tu és, avança para onde queres estar.
Não te escondas atrás de intenções, pouco importa quem tu és se não fizeres acontecer.

Fazes-me falta.

Tu que puxavas por mim quando eu achava que não podia mais.
Tu que continuavas a sonhar quando eu já tinha acordado.
Tu que me ajudavas a tirar as pedras do meu caminho mesmo quando pareciam pesadas demais.
Tu que me fizeste acreditar que tudo era possível sempre e quando o desejamos realmente.
Tu que me fizeste vencer quando a derrota parecia iminente.
Tu que me ajudaste a ter força para ajudar os que amo sempre que precisaram.
Tu que me fizeste ver que só importa quem se importa.
Tu que soubeste sempre dar sem esperar nada em troca.
Tu que tinhas confiança em mim.
Tu que sabias do que eu era capaz e nunca me deixaste acreditar em impossíveis.

Fazes-me falta... Faço-me falta... Tu que eras eu e que a vida escondeu.

Mega promoção

O mundo da publicidade e marketing torna-se a cada dia mais competitivo.
As estratégias ganham em agressividade e quando se pensa que a criatividade está em queda eis que surge uma nova iniciativa que revoluciona a forma como as marcas se posicionam.

As estratégias permitem alcançar uma imagem junto do público alvo, redesenham as marcas e podem mesmo conquistar novos grupos de clientes. O reposicionamento de uma marca pode ser a chave do sucesso.

A cadeia Pingo Doce procurou posicionar-se junto das famílias, tenta passar uma imagem de proximidade e as promoções bombásticas permitiram encher as suas lojas de clientes com pouco poder de compra. As ditas classes mais baixas degladiaram-se para encher carrinhos e carrinhos de tudo o que precisavam e não precisavam, clientes mais abastados também aproveitaram, por certo, algumas das promoções que visaram passar diversas mensagens ao povo. Resultou numa batalha pela promoção, com sangue, suor e lágrimas um pouco por todo o país.

Mas eis que o Lidl dá um passo em frente no que toca a posicionamento de marca. Numa iniciativa original consegue dar resposta a vários problemas que afectam a sociedade portuguesa e colocar-se como alternativa aos tradicionais e famosos mercados a céu aberto, seja a Meia Laranja, Intendente, Zona J, Cerco, a notícia terá caído como uma bomba junto do comércio tradicional. A conhecida cadeia de distribuição alemã surje com uma promoção de bananas em que o cliente pode usufruir de um pacote (talvez de 1/2 kg) de cocaína. No que parece ter sido uma experiência piloto, foram seleccionadas 7 lojas da cadeia no norte do país nas quais foram distribuídos 237 kg de "pó".
A iniciativa, aparentemente ilegal e disparatada, merece uma análise mais profunda. Vejamos, por um lado apelam ao consumo dos indivíduos de um grupo normalmente discriminado e que sofre de carências variadas, nomeadamente alimentares, os toxicodependentes. Fornecem-lhes a substância, de forma gratuita e com fácil acesso, que lhes permite saciar o vício mas obrigam-nos a comprar um cacho de banana colombiana. Ora, como sabemos a banana é um alimento rico em potássio, ferro, vitamina B e outros nutrientes que representam benefícios para a saúde no que toca ao combate de estados depressivos, equilíbrio da tensão arterial, ajuda a deixar de fumar (quem sabe a deixar de consumir droga)  e melhoria da capacidade de concentração e aprendizagem.

Não é, no entanto, este o único grupo beneficiado pela promoção. O comum dos mortais, mesmo sem qualquer vício de consumo de drogas, poderá aceder à substância e sem grande experiência iniciar um pequeno processo de redistribuição de substâncias ilícitas que eleverá a sua situação financeira. Numa altura de crise e estando as férias aí à porta, uma ajuda extra cairá bastante bem no seio das famílias portuguesas.

Ainda, o impacto da distribuição de droga em cadeias de supermercados de grande dimensão não é de somenos importância. Os mercados tradicionais vão ter que se adaptar, o PVP irá por certo reduzir e possivelmente será o florescer de novos produtores nas origens com contratos de distribuição mais justos e menos arriscados do ponto de vista legal.

Assim sendo, parabéns aos cinzentões alemães. De onde menos se espera chegam as grandes revoluções e inovações nas mais diferentes áreas. Espero com curiosidade a resposta do Pingo Doce... estão bem colocados para responder, estando sediados na Holanda os muffins "marados", chás para estados de euforia e cigarros de "chocolate" poderão muito bem ganhar lugar de destaque nas prateleiras do supermercado, mesmo ali ao lado da bolacha Maria e dos Chocapic.



Testamento Vital

Se estiver mais para lá do que para cá, se não existir qualquer possibilidade de continuar a ser o que sou, se existindo possibilidade essa se resume a um valor inferior a 60%, se tiver de ficar ligado a máquinas, se me transformar num vegetal, se a minha comunicação passar a ser realizada à custa de fios de baba e urros apresento desde já a minha rejeição a toda e qualquer manobra que vise impossibilitar a minha passagem desta para melhor.

Como devem compreender não é por acaso que a expressão é "desta para melhor" e não "desta para pior" ou "de melhor para a outra".

Esta história do testamento vital é uma lufada de ar fresco. As decisões a quem tem o direito de decidir. Muito positivo.