Ponto Final, Parágrafo.

Tinha vontade de escrever algo com piada... infelizmente não é esse o espírito e como tal remeto-me ao silêncio, que é aliás a forma mais próxima da tranquilidade interior, antes porém deixo o meu manifesto com que me despeço por tempo indeterminado... sejam apenas umas horas ou seja uma vida.

Apetece-me que me ignorem. Sim, como o têm feito mas com a diferença, a enorme diferença de que sou eu a pedir.
Apetece-me dissolver-me na imensidão da indiferença mas por vontade própria. A indeferença não me será imposta é apenas reflexo do meu desejo.
Apetece-me parar de remar contra uma corrente que se tornou demasiado forte. Não é ela que me arrasta, sou eu que me deixo arrastar por ela.
Apetece-me apagar as minhas marcas. Não porque alguém as quis apagar mas sim porque eu não as quero deixar.
Apetece-me saltar da ravina. Não porque escorreguei mas porque deliberamente o farei.

Hoje almocei fora!

E que bem que se estava na varanda!
O bom de estar em casa é que podemos libertar a inspiração gastronómica. Com o calorzinho que está fica a sugestão, naturalmente leve e fresca*.




*Ingredientes: Alface biológica da horta dos pais, tomate, queijo de cabra da prima Laurinda (uma delícia que devia ser DOP), fiambre de perú, framboesas, amoras, morangos, oregãos, mel, vinagre balsâmico e azeite.

Adeus

Detesto despedidas! Mesmo quando sei que não há volta a dar, detesto despedidas.
Sou um lamechas, assumo isso, sou um lamechas do pior que há e detesto despedidas.

Associo a palavra Adeus à despedida definitiva, a toda uma carga negativa que nos remete para o afastamento definitivo, sem remédio nem probabilidade, ainda que ínfima, de que esse Adeus signifique um Até já.

É uma palavra sem significado que não o de Adeus. Num Até logo ou um Até já deixamos explícita a vontade ou a probabilidade, mais ou menos alta, de voltar a encontrar, num Até amanhã depositamos toda a nossa crença na existência do amanhã para todos os presentes mas, num Adeus... Adeus é Adeus e não há mais.

Bom... na verdade, e ao que apurei, a origem da palavra está na frase "A Deus vos encomendo" tendo sido com o tempo abreviada para "A Deus" dando origem  a palavra que conhecemos.
No fundo acaba por significar mais ainda, para os crentes encomendar alguém a Deus só pode ter um significado... pode muito bem ser traduzido por "Morre longe!". Talvez seja uma interpretação abusiva e assim mantenho a minha teoria inicial sobre a palavra, afastamento definitivo pelos mais variados motivos.

Escrito isto, divagando sobre a etimologia da palavra Adeus, devo reconhecer que durante a escrita de todos os posts de hoje esta palavra esteve sempre presente. Apenas este texto vê a luz do dia... ou a bruma da blogosfera, talvez porque considere importante registar, agora e aqui, que detesto despedidas.

Sabedoria de experiência feita

Era eu uma pequena criança quando apanhei no "ar" uma pequena fábula que me deixou perplexo durante anos. Na minha inocente cabeça a fábula em nada acrescentava aos meus princípios morais ou contribuía para a minha formação enquanto pessoa.
Claro que as minhas dúvidas não encontraram respostas por parte dos adultos e nunca consegui esclarecer a moral implícita no pequeno conto que parecia provocar uma enorme alegria aos mais crescidos. Exercitei a minha mente fazendo paralelos com a fábula da raposa e das uvas, levantei hipóteses e leituras várias sem qualquer sucesso.
Com o tempo e experiência a fábula que nunca esqueci veio a revelar-se, sendo para mim uma das mais claras evidências do meu crescimento enquanto ser humano...

Transcrevo neste post o conto cuja moral me intrigou durante anos da minha infância.

"Passeava uma rata pelo bosque e ao passar junto de um lago, viu um sapo rechonchudo sobre um nenúfar que lhe aguçou o apetite:

- Hummm... Vai ser este o meu almoço!

Prepara-se para dar um salto e repara numa mosca a voar:

- Bem vou esperar que o sapo coma a mosca, fica mais cheio e eu também!

Pensado e feito, o sapo comeu a mosca e a rata quase pronta para saltar vê uma abelha a voar:

- O sapo comeu a mosca, agora come a abelha, fica mais cheio e eu também!

E assim foi, o sapo comeu a abelha e a rata preparava-se para dar o salto em direcção ao seu almoço quando escorrega e cai na água!

Moral da história?? Quanto maior a espera mais molhada fica a rata."