Greve ou não greve?

Em tempos idos fazer greve era um direito e quase uma obrigação. Uma manifestação de participação cívica, uma forma de fazer ouvir a voz do povo anónimo. Quem não fazia greve era visto como reaccionário e suadosista do estado novo.

Hoje o cenário inverte-se, quem faz greve é comuna, sindicalista e não quer trabalhar. São funcionários públicos, mimados com anos e anos de privilégios que agora fazem birra por lhe quererem tirar algumas das regalias e deviam era trabalhar para produzir e tirar o país da crise.
Os jovens já não sabem o que é viver em ditadura, o país perde a memória e a apatia instala-se. Foi essa apatia que nos trouxe aqui meus caros. É a falta de acção e reacção que nos afunda cada vez mais.

É vergonhoso apontar o dedo a quem se ergue e faz ouvir a sua voz, quando estamos quietinhos nos nossos trabalhos, que julgamos seguros, e apenas nos manifestamos no silêncio de emails em cadeia e facebooks da vida com posts a dizer mal de tudo e todos.

É vergonhoso não respeitar os nossos pais e avós que lutaram por liberdade, por um país mais justo e com mais oportunidades para todos quando, num momento como estes, o país é cada vez mais injusto e cada vez com menos oportunidades.

Concordo que não é na greve que se deve procurar soluções, concordo que as eleições são o momento de nos fazermos ouvir mas aí, também aí, possivelmente os mesmos que gritam "vão trabalhar comunas!" ao passar das manifestações, faltaram à chamada e demitiram-se de dar opinião.

Cubram-se de vergonha, vocês que acham que essa posição individualista e egoísta vos leva a algum lado. Interessa certamente a alguns, talvez os mesmos que a cada dia nos empurram para o desemprego, sem olhar à situação em que nos colocam, sem saber se amanhã teremos o que comer ou o que dar de comer aos nossos filhos. São esses mesmos que ganham com a vossa posição. São os mesmos que em seguida partem nos seus carros topo de gama para as suas moradias em condomínios privados, que fogem a impostos e têm fortunas longe de qualquer imposto.

Calem-se, não digam parvoíces, um funcionário público, um trabalhador do privado ou um desempregado não o são por opção, são porque é o único que lhes resta, são porque como qualquer um de nós querem sobreviver.

É esta visão egoísta e individualista que nos traz ao desemprego, sem soluções, sem luz ao fundo do túnel. E só quem nunca passou por isto pode criticar quem se une e luta pelos seus direitos. Um dia não teremos direitos sequer, um dia também vocês precisarão de protecção e ajuda e aí espero que os "comunas" e "sindicalistas" olhem para o lado e assobiem e vos respondam com a mesma arrogância e pouca vergonha com que vocês os tratam hoje.

Sem comentários: