Há dias assim

Do cansaço acumulado, do stress do trabalho (ou stresse ou mesmo estresse como pretendem que se escreva na nossa língua) ou mesmo da dura tarefa que é viver resultam dias assim.
A pressão imensa sobre a forma abstrata de peso no corpo e mente esmaga-nos. Resiste-se como se pode, luta-se carregando num esforço inglório em cada tecla do computador, resolvendo puzzles de pouquinhas peças que assumem a dificuldade máxima num cérebro que queima um pouco mais a cada segundo. Na garganta um nó imenso sem motivo ou com todos os motivos.
No email, no telemóvel, ao lado, em frente ou do outro lado da sala solicitações e pedidos alheios às dificuldades que se sentem.
No email, no telemóvel, ao lado, em frente ou do outro lado da sala não chega uma promessa de ajuda. Não surje uma mão amiga que por não ser pedida tem o valor de sentir o que nem sempre é fácil sentir - as dificuldades de um amigo.
Fugir é o remédio, ou não. Conduzir a terapia. O ar fresco do final de dia entra pela janela e espanta cabelos e, numa esperança pouco segura, espantará também as agonias. Foge-se mas fogem junto todas as causas que nos faze fugir e como diz a canção (enorme canção) só se está bem onde não se está.
Convivemos, nos mínimos, nota-se a agonia, sabe-se da tristeza mas de nada vale saber sem ter solução.
Na queda de um som, na passagem de uma imagem ou de um vídeo, na frase solta dita para todos e para ninguém, solta-se finalmente a alma e o desabafo toma forma de lágrimas que não solucionam mas ajudam.

Há dias assim onde o desabafo é com os próprios botões ou com mais uma gota, uma simples gota de água que mergulha no anonimato entre a imensidão do oceano. Há dias demais assim...

Sem comentários: