Faz-me falta

Na bipolaridade dos dias o sorriso alterna com a depressão com uma velocidade vertiginosa. A banhos de vitamina D seguem-se banhos de cinza que escurecem as horas e desalegram a felicidade.
A escala de cinzas também tem o seu encanto mas tem o seu tempo, tem o seus momentos e depois devem dar lugar a outras cores a outros sorrisos.

Faz-me falta o Sol. Faz-me falta a cor. Faz-me falta o sorriso.
Já pensei procurá-los noutras paragens, aliás, penso frequentemente em procurá-los noutras paragens mas por aí me fico. Nessa como em tantas outras coisas sinto-me em suspenso. Numa pausa angustiante, num cenário imóvel e onde a agitação e mudança ficam de fora.
Na origem seriamos seres nómadas. A mudança era constante, os cenários contrastantes e o objectivo da procura fazia com que se perdesse, sem dificuldade, a sensação de estagnação. Com o tempo fomos lançando âncoras, parando, perdendo a necessidade de mudar.
Sedentários estamos hoje, sedentários a níveis sufocantes. Esquecemos a necessidade de procurar, a alegria de encontrar e desvalorizamos cada um desses momentos.
Hoje, quando mudamos ou é para fugir ou é porque a isso somos obrigados. O sabor da mudança perde-se no amargo da cobardia de não enfrentar, de não seguir pelo caminho que realmente traria o Sol, a cor e o sorriso.

Tenho saudades de procurar e de encontrar sem ter medo de perder, sem ter que fugir... Faz-me falta.

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