E o povo alguma vez ordenou?!

Habituado a ouvir a história da revolução na primeira pessoa, pela voz de quem viveu de perto, muito perto, os acontecimentos dos dias 24 e 25 de Abril de 1974 sinto, como se na época tivesse vivido, a emoção de quem relembra dias de tensão, alegria e preocupação.
O dia que deveria ter mudado o país, o dia em que o povo assumiu, ou julgou assumir, de pleno direito a força de quem mais ordena não terá sido esse o dia que se encenou uma mudança para simplesmente garantir a continuidade da ditadura de quem controlou até então e continua hoje a controlar o país?

Não vivemos nós numa ditadura imposta por uma minoria de grande poderio económico?
Não são os meios de informação controlados pelas diferentes forças "em combate" e o povo informado com a desinformação conviniente, num estratégia de lápis azul, talvez mais digital do que noutros tempos mas por certo igualmente descarada?
Não são as obras públicas entregues sempre aos mesmos?
Não são protegidos de processos e injustiças alguns e abandonados à justiça injusta outros pela simples cor política ou de pele ou de família?
Quem sofre mais, o desempregado com 3 filhos menores para criar e não consegue pagar o pão ou o jovem revolucionário que não deixam dormir à custa de queimaduras de cigarro?

Apenas evoluiram os métodos, a censura é mais eficaz, a estupidificação do povo é massiva, a tortura é psicológica e social, a ditadura é do poder económico e os senhores de outrora estão de volta e são venerados por quem simultaneamente apela ao espírito de Abril e aos valores revolucionários.

Não é a liberdade que sentimos apenas uma ilusão?



Sem comentários: