Tábua de pregos

O novo livro de Manuel Alegre é mais uma pérola na minha pequena biblioteca.
Confesso que admiro o que espero venha a ser o novo presidente da república, ou talvez apenas o miúdo que pregava pregos numa tábua ou mesmo o Manuel Alegre mas, a admiração pelo político de crenças fortes e individualidade assumida nada tem que ver com o gosto que tenho em ler os romances, novelas ou, neste caso, o que parece ser uma auto-biografia resumida, ou talvez não, de um miúdo que engoliu os compridos do avô, que talvez seja o próprio Manuel Alegre embora não tenha a certeza que alguma vez tenha sido.
Ainda não me sinto com dimensão para abraçar a poesia, deste ou de outro qualquer autor, mas este livro devorei-o de duas acentadas, é pequeno mas cheio de sumo e traz ao nível do comum dos mortais uma personagem que nos habituámos a ver num patamar superior. As passagens banais, de uma vida quase igual à de tantos outros, que marcam e moldam aquilo em que nos transformamos fazem-nos pensar que talvez tenhamos sido todos miúdos que pregaram pregos numa tábua, que engoliram os comprimidos do avô ou mesmo que tenhamos tido pequenas experiências sexuais com a empregada da casa.
Uma vida cheia resulta em 112 páginas duma contínua charada sobre quem é quem revelando a espaços as migalhas que fazem uma vida.
Contei até vinte e foi uma óptima experiência descobri-lo.

Muito bom Sr. Presidente!

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