A noite

Hoje não está calor, está como eu gosto, suportável mas a abrir o apetite para enrolar num regaço e ficar a ouvir o rodar dos carros no alcatrão, a revolta do vento que, a espaços, dá vida uma lata de uma bebida que se arrasta no chão quebrando estridentemente o falso silêncio da noite.
Não havendo regaço, sem ser o meu próprio, e não tendo eu aptidão para me enroscar como um cão ou gato parto para outras observações que também aprecio.
Poucas luzes resistem, em janelas de pressianas meio fechadas que protegem a privacidade dos olhares alheios. Milhões de vidas seguem, adormecidas ou acordadas, neste mesmo instante sem saberem o que lhes espera.
Será que alguém nos olha, lá do alto ou lá do fundo, que alguém nos controla ou decide como será o nosso amanhã ou mesmo o nosso próximo instante? E se não existe esse alguém, será que é tudo obra do acaso? Ou teremos nós o nosso caminho traçado e de nós só se espera que caminhemos sem saber para onde?

Imagino a morte. O fim de tudo. Estar aqui agora e de um momento para o outro...

...acabaria assim? Não acredito que fosse ter o cuidado de acabar com umas reticências, seria no mínimo demasiado perfeccionista. Talvez fosse algo mais parecido com "mf+p
#´+p7yu6"

Acabei de fazer o teste e deixei-me cair de cabeça sobre o teclado. Possivelmente este post nunca veria a "luz da blogosfera" ou então seria partilhado por familiares e amigos pelas redes sociais com uma história lamechas sobre a fragilidade do ser e a necessidade de aproveitar cada segundo das nossas vidas. Mas ninguém tem a certeza que assim seja... imaginem que a vida, tal como a conhecemos, é apenas uma perca de tempo. Imaginem que o bom vem de seguida e que apenas estamos na fila dos bilhetes do maior parque de diversões alguma vez visto.
A questão passaria a ser "Como raio arranjo eu maneira de ter um bilhete o mais depressa possível?!"

A verdade é que nunca ninguém voltou a reclamar que tinha sido mal recebido. Das três uma, ou várias, é indeferente porque o que interessa é exercitar o cérebro com uma treta qualquer. Assim, das três qualquer coisa, ou não existe nada depois e o fim é mesmo o fim. Game Over... siga... próximo, ou existe qualquer coisa de onde não podemos regressar e por muito má que seja nada podemos fazer, ou existe o tal paraíso e é de tal forma bom que ninguém quer voltar.

Seja como for, somos frágeis, somos ignorantes, somos demasiado pequenos e preocupamo-nos com coisas demasiado pequenas. Somos terríveis uns para os outros, pensamos demais em nós próprios e para quê?! Nem sequer sabemos se agora não será o nosso último instante...

Seja agora ou depois, o meu último momento, estou quase certo que por mais que tente não vou conseguir publicar neste blog como foi a passagem e vocês vão ficar na mesma... sem saber! Por outro lado, se por milagre conseguisse publicar a experiência imagino com certo gozo a vossa cara de pavor mesmo antes de dizer "Filho da mãe... como é que o gajo fez isto?!"


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