Festivais de Verão

Um dia destes estive uns bons dez minutos a ver anúncios consecutivos de festivais de verão.
Não. Não estive a pesquisar no youtube ou coisa assim, o programa que estava a ver na tv é que foi interrompido para me oferecerem umas vinte propostas tentadoras de eventos do estilo "feira do pó e da sujidade no meio de bandos e bandos de adolescentes descontrolados com cheiro a erva, cerveja e latex".

Alguém me explica este fenómeno?
A questão não é o conceito em si, a questão é mesmo a quantidade absurda de eventos que se auto-denominam festivais. No meu tempo, correndo o risco de vos fazer sentir que acabaram de entrar num anúncio do Continente, Festival havia um, máximo dois, o da Eurovisão e o da Sardinha em Portimão.
Agora os campos de férias de outrora foram substituídos por festivais.

Se antes procurávamos regressar às aulas com o melhor bronze e a mochila mais bacana hoje em dia as crianças competem pelo maior número de pulseiras de acesso aos ditos festivais.
A medida do sucesso toma uma nova forma e acredito haver jovens que mantêm as ditas pulseiras até Natal fazendo questão de usar t-shirts, mesmo debaixo de temporais de neve, que permitam maior visibilidade das mesmas.

Passei há pouco junto do recinto do Optimus ou Nos Alive, duas da tarde, no dia mais quente deste ano, pelo menos assim parece, centenas de adolescentes amontoavam-se junto das grades que tapavam o acesso ao recinto de alcatrão e cimento, sem sombras, sem relvados extensos, sem um único elemento natural que possa tornar o espaço agradável.
À vista apenas um amontoado de tendas tamanho XXL, construções temporárias e wc's portáteis que em breve meterão nojo ao mais imundo dos seres.
Mas que loucura é esta?

Ir acampar para Vilar de Mouros, no meio da natureza, dar uns mergulhos no rio e aproveitar para ouvir umas bandas eu ainda percebo. Ir ali à marginal apanhar uma insolação para estar sentado no cimento a ouvir umas bandas, por muito boas que sejam, tocar é que já me ultrapassa.

Mas o cúmulo é mesmo a quantidade e a abrangência da designação festival. Este ano até um festival de fado irá acontecer em Guimarães e, para meu espanto, serão dois dias com um fadista por noite, num total de, exactamente, dois fadistas. Festival?! Meus amigos... mais festival são as festas da aldeia dos meus avós. Quatro a cinco dias de festa, com pelo menos o mesmo número de artistas, actividades diversas, barraquinhas de cerveja e bebida, churrascadas, onde também se pode comer pó. Isso sim é um festival.

P.S. Para os interessados, de 22 (ou 23 ainda não sei) a 26 de Agosto, Aldeia Velha, Sabugal, Guarda.
 

2 comentários:

Fátima disse...

Festival S. João Baptista! Oh God! :P

Rica Balula disse...

Também pode ser Aldeia Velha Fest ou St. John Baptist Alive ou Bull Fest ou... Por aí fora.