Mentiras e Omissões

Com o auxílio do meu bom amigo priberam.pt começo por transcrever a definição das duas acções em causa.

o·mis·são
substantivo feminino
1. Acto ou efeito de omitir.
2. Lacuna, falta, silêncio.

men·ti·ra
substantivo feminino
1. Acto de mentir.
2. Engano propositado. = FALSIDADE
3. História falsa. = PATRANHA, PETA, TANGA
4. Aquilo que engana ou ilude. = FANTASIA, ILUSÃO

Aparentemente as definições das duas palavras em nenhum ponto se tocam excepto no facto de ambas constituirem um acto. Do ponto de vista semântico estamos conversados. A omissão carece do estigma negativo de que a mentira está carregada.

Mas numa análise mais lata, podemos considerar que a omissão se resume a uma mentira quando o acto é premeditado?
Pela definição acima o engano propositado é sinónimo de falsidade e definição de mentira. Avançando por este caminho entendo que, uma omissão pode provocar o engano de quem é privado da informação, diria mesmo que provocará sempre o engano da pessoa, dado que se torna detentor de uma informação incompleta, de uma verdade "manca". Desta forma, se a omissão é premeditada, então também o é o engano consequente tratando-se assim de um engano propositado que pela definição acima constitui uma mentira, uma falsidade.
Assim sendo, uma omissão constitui o acto de mentir sempre e quando o acto é propositado. Parece-me que posso, sem risco de estar a ser incorrecto ou injusto, assumir isto mesmo.

A diferença está na intenção, na forma como conscientemente ou incoscientemente omitimos. Mas podemos omitir premeditadamente sem que estejamos a mentir?
Pelo exercício acima a resposta é só uma. Não.

Mas mais uma vez sejamos mais abrangentes na análise. Haverá casos em que a omissão propositada seja apenas uma forma de mentira piedosa? E será uma mentira piedosa melhor do que uma mentira não piedosa?
Eu diria que não. Não há mentiras melhores e mentiras piores. Não piedade numa mentira, nem numa omissão propositada.

Mas não se pense que defendo a não utilização de cada uma destas formas. Nada disso. Tudo depende das pessoas envolvidas e do objectivo final. As únicas situações em que admito a omissão ou mentira são, a preparação de um facto surpreendente ou chocante e a privação de informação a um desconhecido ou a uma pessoa em que não confiamos, ou seja, um acto de legítima defesa.
Assim de repente... é isso. As restantes situações representam para mim actos injustificáveis de total desrespeito. Principalmente quando praticados entre amigos.

P.S. Poderão existir mais situações em que a mentira ou a omissão propositada não sejam negativas mas não me recordo de nenhuma. Fica a nota de rodapé para o caso de alguém se lembrar de mais alguma.

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