País das Maravilhas

Demasiado tarde para escrever um post... somando a isso, acabei agora mesmo parte do trabalho que tenho para fazer este fim de semana, um pequeníssima parte, assim, só poderá sair treta (termo técnico). Afinal já estão habituados, não é?

Carnaval à porta, motivação pelas ruas da amargura, a palhaçada já começou hoje com notícias matinais que prometem boa animação carnavalesca num futuro próximo. Esta semana passou a correr numa lentidão tamanha que tive com a mesma dor de cabeça de segunda a sexta, curiosamente, hoje a expectativa de "más" notícias aliviou-me ligeiramente a cefaleia que, escreva-se, já me está a deixar um pouco farto.

Nem tive tempo de ler as revelações do jornal SOL que, em desafio da justiça, fechou os olhos a uma providência cautelar e publicou mesmo mais umas escutas do País das Maravilhas... Mas o importante não é perceber o que dizem as escutas, nem se são ou não legais, se indiciam algum crime, ou se devem ou não ser destruídas. Tão pouco importa se o jornal pode ou não tornar publicas as mesmas ou se senhor A ou B, que se sinta lesado, interponha uma providência cautelar no sentido de evitar a divulgação dessa informação. O que importa perceber é o macro-processo pelo qual se rege o nosso país.
Vejamos... Uns quantos amigos, colegas de secretária na mesma pseudo-universidade (ou talvez escola secundária, primária, c+s, b+t, x+o, ABC123, sei lá) "governam-se" o "nosso" país, as "nossas" empresas públicas e privadas, a "nossa" economia, a "nossa" indústria, etc. Tal tarefa, árdua por certo é pouco compensada e os senhores dedicam-se com grande afinco às nobres tarefas que lhe são incumbídas sem que no final a sua riqueza aumente significativamente, por vezes até, os próprios filhos, esposas, pais e/ou irmãos, sem qualquer trabalho conhecido, garantem fortunas bem superiores às destes senhores!
Outros, que eventualmente também desejam ter um papel activo no "governo" do país mas que não frequentaram as mesmas escolas, escutam ou ordenam que se escutem os contactos telefónicos, sms, emails, conversas de café dos primeiros na tentativa de provarem a existência de comportamentos ilícitos e poderem fazer uma troca de grupo de amigos, sai branco, entra preto.

Enquanto a "justiça de primeira instância" (sistema judícial português) olha para as investigações, provas e escutas meses a fio e procura justificar a decisão final de que nada se passa, já corre a grande velocidade o processo na "justiça de segunda instância", também conhecida por "escarrapachar tudo num jornal de tiragem nacional ou na TVI ou nos dois sítios em simultâneo" e cujo início de processo se designa por "quebra do segredo de justiça".

Alguns dos senhores do primeiro grupo sentem-se lesados na sua honra ou sentem que a mesma possa estar em causa (honra também chamada "conta bancária") e tentam recorrer a procedimentos legais para evitar mais danos.
Os orgãos da "justiça de segunda instância" ignoram olimpicamente tais procedimentos e divulgam tudo e mais duas ou três notícias sobre cusquices do "jéte sete". O povo fica escandalizado com as cusquices do "jéte sete" e no final quem governava o país (e restantes entidades) continua a "governar-se", quem "escutava" continua a "escutar", a justiça desculpa-se com erros processuais, quem se sente lesado acaba por deixar de se sentir e os orgãos da "justiça de segunda instância" continuam a procurar causas que façam vender mais ainda sem sofrerem qualquer penalização.

O povo, esse, continua a ser explorado, despedido, mal-tratado, enganado...

Existem fenómenos idênticos na natureza, nomeadamente:
"Parasitismo é uma relação desarmônica entre seres de espécies diferentes, em que um deles é o parasita que vive dentro ou sobre o corpo do outro que é designado hospedeiro, do qual retira alimentos.Os parasitas geralmente não têm intenções de causar a morte dos hospedeiros embora tenham noção de que estão lhes causando prejuízos..."
Mas atenção:
"...no entanto uma vez por outra a população do parasita cresce exageradamente em determinados hospedeiros de forma que a superpopulação desses parasitas acaba causando a morte desses hospedeiros devido ao excesso de prejuízos causados pela quantidade anormal de parasitas parasitando um só organismo hospedeiro, designada hiperinfestação de parasitas."
Fonte: Wikipédia


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