Una historia de Xuño, Porto de Son, A Coruña

Optei por "ouvir" o que Ramona Maneiro tinha para me contar. Com alguns anos de atraso mas com a curiosidade ainda desperta avancei pelos dois primeiros capítulos. Sem tiques literários nem melo-dramatismos excessivos Ramona estabelece um "monólogo" escrito que se torna interessante pela simplicidade com que descreve a realidade dos factos e sentimentos interrompendo aqui e ali o relato com a justificação para escrever de uma maneira ou de outra, remetendo alguns assuntos para outra altura mais pertinente, gerindo "em voz alta" a forma como elabora o texto. Não nos deixa segredos.
Mas... só aqui para nós, que (quase) ninguém me "ouve", embora o livro trate de uma história de drama e sofrimento, nos faça pensar na eutanásia e confrontar-nos com os nossos próprios medos e traumas, tenho especial prazer e ler cada linha pelo simples facto de estar escrito em castelhano... sim, exactamente, pelo bem que me faz ao ego sentir que percebo cada uma das palavras ali impressa. Não que alguma vez me tenha sentido orgulhoso por saber espanhol mas, nos tempos que correm, qualquer "extra" me faz sentir um pouco melhor, nem que seja por uns minutos. Tem o seu quê de macabro que dê por mim a sorrir no meio de uma descrição de como se ajuda a morrer quem se ama ou de como se pede ajuda para morrer mas, se é para me sentir melhor, perdona-me Ramón!
Curiosa esta minha procura de algum conforto em terras vizinhas, já não é novidade para mim como são capazes de saber. Se hoje aqui estou a um espanhol o devo (como podem comprovar neste post)... estarei eu no lado errado da fronteira?


Sem comentários: