Instinto

A cada passo pequenos ramos secos, folhas e palhas estalavam debaixo dos pés. O quadro de sons era completado pelo chilrear dos pássaros e pelo borbulhar da pequena ribeira que, correndo em ritmo acelerado, chocava com os seixos e rochas do seu leito num caos tranquilizante.
O cenário de fim de tarde complementava particularmente bem aquele passeio pela natureza.

Os dois aproximaram-se do riacho. Exploravam com os olhos o terreno abandonado, as ruínas destruídas de uma velha casa de granito, exploravam com a mente os desejos do seu amor.
As suas imagens refletidas na superfície límpida da água juntavam-se num abraço carinhoso e um beijo selou o momento.

Naquela tarde, o passeio seria tranquilo. Pelos locais mais isolados e desconhecidos. Naquela tarde queriam disfrutar do cenário, dos sons, da natureza.
Mas, naquela tarde, os instintos revelaram-se mais fortes. Talvez porque todo o ambiente assim o inspirava e se revelava no mais próximo da criação, talvez porque tudo o que os rodeava respirava instintos, sobrevivência, simplicidade.

Naquela tarde amaram-se junto ao rio. Amaram-se porque se amavam. Amaram-se porque no princípio e no fim, eram apenas animais, no seu habitat natural.

Amem-se... onde seja, quando seja, como seja...

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