Eras perfeita!

Eras perfeita! Entraste em mim de mansinho e, sem que eu desse por isso, em pouco tempo ocupavas todo o meu eu. O meu pensamento, o meu desejo, as batidas do meu coração e até o meu respirar passaram a ser por ti e para ti. Não eras minha mas eu era teu, por inteiro e por vontade própria.
O teu tempo não era só meu, o meu também não era só teu, mas acreditava que os dois sentiamos que o certo seria que não exitissem os três tempos, o meu, o teu e o nosso. Apenas o nosso deveria existir.

Eras perfeita! Delicada e meiga, dedicada e atenta, com a energia que te permitia saltar alto assim tivesses o apoio certo junto a ti. Eu era esse apoio e tu eras o meu. Esperta, apaixonada, sensível e transparente. Confiava em ti. Acreditava em ti.

Eras perfeita! Mas a história não acabou, não como é suposto acabar. Não apareceram as letras The End, não correram os nomes dos actores e produtores. A história acabou de repente, como se a luz tivesse sido cortada por uma qualquer tempestade que ninguém ouviu ou conseguiu explicar. Apenas a penumbra da mentira se manteve. Saí do cinema sem perceber o porquê... afinal, eras perfeita... mas só na minha imaginação, só na minha cabeça. E não queria acreditar no quão distante a imaginação podia estar da realidade.

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